Quando comprar? A resposta poderia ser simples: quando houver a necessidade do objeto. Mas nem sempre as justificativas são coerentes, pois estão a serviço de necessidades que vão muito além da razão. Muitas vezes a pessoa compra frequentemente, e passado algum tempo, constata que já possuía o bastante, ou até que era desnecessário. Gasta além de suas posses, não paga contas essenciais e contrai dívidas impagáveis, parece ser pouco responsável e não consegue organizar o próprio orçamento.
Entretanto, pode se tratar de uma compulsão, doença que se manifesta de diferentes formas: desde pensamentos obsessivos até rituais e comportamentos excessivos. A pessoa sente-se à mercê de forças psíquicas poderosas, como se algo a impelisse a pensar e/ou fazer determinadas coisas, temendo ser punido caso as desobedeça. Acaba comprando coisas em excesso ou sem utilidade, que servem apenas para atender às forças internas de sua mente.
O gastador compulsivo sente-se incomodado, deseja os objetos como se fossem imprescindíveis, há uma vontade exacerbada de comprar, e parece se acalmar apenas após a aquisição. Tal qual o drogadicto, que obtém um prazer apenas momentâneo com a droga, a compra oferece uma satisfação que se esvai, e rapidamente encontra outros tantos objetos de desejo para contemplar sua insaciável compulsão. O uso do dinheiro visa o prazer imediato, e não a segurança duradoura, racional e planejada.
A doença pode provocar danos intensos e irreversíveis, pois as dívidas contraídas comprometem a reputação, credibilidade e respeitabilidade. Fatos que certamente vão favorecer o aparecimento de outros problemas pessoais e emocionais.
Há necessidade de tratamento, pois dificilmente a pessoa consegue perceber e controlar os impulsos que a levam a gastar compulsivamente.
Maria Elizabeth Barreto de Pinho Tavares, psicóloga