A angústia é um afeto relacionado à impossibilidade. Ela costuma causar muito sofrimento e se manifesta tanto de forma psíquica quanto física. A pessoa que sofre de angústia, na maioria das vezes, não sabe identificar o que está causando este sentimento, o que torna a situação ainda mais difícil. A angústia sinaliza que alguma coisa não vai bem, ela aponta para algo que o indivíduo não sabe ou não pode realizar, apesar de querer fazê-lo.
É comum que a primeira reação frente a angústia seja a de querer afastá-la. Entretanto, olhar para a angústia como um sinalizador traz a possibilidade de conhecer o que não está bem. E esta sim seria uma atitude que poderia livrar o indivíduo do sofrimento ocasionado pela angústia. Se, ao invés de rejeitá-la, o indivíduo acolher o saber que ela traz sobre ele próprio, este poderá então ter recursos que possibilitarão a supressão do sofrimento.
Além disso, é importante ressaltar que ao mesmo tempo em que a angústia traz sofrimento traz também a possibilidade de mudança, de transformação. A angústia movimenta, coloca o indivíduo em ação e se este souber acolhê-la, ''ouvir o que ela tem a dizer'', poderá reverter o que é sofrimento em ações que trarão benefícios.
O sofrimento causado pela angústia não é atual, sempre esteve presente na humanidade. O que favorece o seu surgimento é a alienação do indivíduo sobre ele próprio, é o não perguntar-se, é o não ouvir-se, é o passar por cima de valores, desejos e anseios. Quando isso acontece, o corpo dará sinais de que algo está errado e é preciso ouvir este pedido de socorro em prol de seu bem-estar.
Ana Carolina Athayde, psicóloga