A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica ainda pouco conhecida pela população.
Frequentemente confundida com outras doenças agrupadas no termo ''esclerose'', como a Doença de Alzheimer, que atinge principalmente os idosos, a EM acomete jovens e adultos na faixa etária de 20 a 40 anos, na proporção de duas mulheres para cada homem.
Trata-se de uma doença autoimune sistêmica que afeta o sistema nervoso central com ocorrências de surtos inflamatórios, cuja expressão clínica depende da região que tiver sido afetada. As causas ainda são desconhecidas, mas estudos recentes levam a pensar na existência de uma predisposição genética, associada a outros fatores, inclusive ambientais.
A Federação Internacional de Esclerose Múltipla estima que cerca de 2,5 milhões de pessoas possuem diagnóstico para a doença no mundo. Apenas no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), existem mais de 30 mil portadores, sendo que desse total apenas cinco mil recebem tratamento adequado devido à demora no diagnóstico.
Em uma pesquisa realizada com 650 pessoas diagnosticadas com a doença em 12 países, entre eles o Brasil, constatou-se que oito entre dez pessoas sentem-se ansiosas e confusas em relação ao diagnóstico, sendo que 71 entrevistados se preocupam com suas relações pessoais e profissionais.
No estágio inicial da EM, os pacientes podem apresentar sintomas como visão borrada ou dupla, fadiga, fraqueza, formigamento, dormência nos braços ou pernas, incontinência fecal ou urinária e dificuldade para falar.
A evolução da doença difere de uma pessoa para outra, no entanto, o tratamento precoce promove condições para uma redução da atividade inflamatória da EM, fenômeno usualmente mais intenso nas fases iniciais da doença. Imunomoduladores como os betainterferona 1b, mostraram-se eficazes em reduzir os surtos e retardar a evolução de possíveis incapacidades.
Estes medicamentos são distribuídos gratuitamente na rede pública pelos Centros de Tratamento devidamente credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Fernando Figueira - neurologista (São Paulo)