O ouvido possui três partes principais: o ouvido externo, o ouvido médio e o ouvido interno, e os problemas de audição podem acometer qualquer uma dessas três partes. Em geral, os que envolvem o ouvido externo são os mais simples. Os que acometem os três ossinhos do ouvido médio - martelo, bigorna e estribo – normalmente podem ser resolvidos cirurgicamente, e os piores são os que envolvem o ouvido interno, ou seja, se manifestam nas células ciliadas da cóclea.
"A cóclea é como um piano e as suas células ciliadas como teclas. Se existe problema em alguma tecla, o som já não sai perfeitamente. E essas células não se regeneram. Nesses casos, a solução pode ser utilizar próteses que ajudem a amplificar os sons e melhorem a qualidade auditiva", explica a Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães, Otorrinolaringologista e Otoneurologista de Curitiba, PR.
Segundo a especialista, os aparelhos auditivos modernos são digitais e bastante potentes, capazes de amplificar o som e alcançar até 140 decibéis – um grande avanço desde que surgiram. "Porém, se a lesão que envolve a cóclea for muito grande e a perda auditiva de grau profundo, às vezes não é possível obter uma resposta satisfatória apenas com os aparelhos auditivos de amplificação sonora convencionais, e o paciente é encaminhado para um implante coclear" comenta Rita, explicando que o implante coclear é um recurso importante para quem possui perda auditiva grave. "Ele é constituído por eletrodos que são introduzidos na cóclea para produzirem estimulação elétrica direto nas fibras do nervo auditivo" diz.
Apesar da evolução na estética e no próprio funcionamento dos aparelhos, ainda existe grande resistência de muitas pessoas que possuem a diminuição da audição, mas hesitam em fazer uso de um aparelho auditivo. "É preciso sim fazer uma avaliação e começar a utilizar o aparelho auditivo quando for o caso e o quanto antes, evitando a privação de estímulos sonoros da área cerebral auditiva. O especialista vai saber o tipo e grau da perda auditiva e as repercussões desta deficiência na vida do paciente e indicará a melhor solução para cada caso. Essa questão é extremamente individual, e dificilmente um mesmo aparelho com a mesma regulagem serve para duas pessoas diferentes, assim como um par de óculos", exemplifica Rita.
Para aqueles pacientes que apresentam zumbido, mas sem perda da audição, também pode ser indicado o uso de aparelhos com estimulação sonora especiais, que servem para filtrar a percepção do zumbido. Esses aparelhos criam ruídos ou melodias que não incomodam o paciente e fazem com que o zumbido passe a ser menor ou até imperceptível. Em vários casos o uso desses aparelhos é temporário, normalmente leva de 6 a 12 meses, e, no final do tratamento, dependendo dos casos – afinal, o zumbido é um sintoma pessoal e subjetivo – ele pode desaparecer ou ficar levemente perceptível, mas parar de incomodar.
Rita lembra que os aparelhos evoluíram muito e que hoje em dia eles utilizam tecnologia digital. "Os fabricantes investem muito em pesquisa para que o som seja de alta qualidade e livre de interferências, distorções, etc. Na teoria, os aparelhos são capazes de amplificar o som com a qualidade original que chegou ao microfone. Ou seja, para quem possui perda auditiva e ainda não procurou um médico para tratar desse assunto, deveria fazer logo," conclui a especialista.