Em que aspecto nutricional a Organização Mundial da Saúde (OMS) se baseia para recomendar o aleitamento materno até os dois anos de idade?
A OMS recomenda que os bebês recebam, exclusivamente, leite materno durante os primeiros meses de vida (de quatro a seis meses). Depois deste período, os bebês devem começar a receber alimentação complementar, segura e nutricionalmente adequada, ao mesmo tempo em que a amamentação deve continuar até os dois anos de idade. No entanto, em todo o mundo, poucas crianças são alimentadas exclusivamente com leite materno por mais de algumas semanas. Mesmo em sociedades em que a amamentação é a regra, as mães em geral introduzem alimentação complementar ou líquidos muito cedo. Uma das razões mais comuns é a crença de que não terão leite suficiente ou que a qualidade do leite deixa a desejar. O leite materno contém a medida exata e necessária de nutrientes para o bebê.
Em vários países, a má nutrição de bebês e crianças pequenas, assim como problemas de crescimento e mortalidade, estão associados ao desmame precoce e às práticas inadequadas de complementação alimentar. Isso acontece porque alimentos nutricionalmente inadequados e muitas vezes contaminados são introduzidos muito cedo. De modo geral, a alimentação complementar é monótona, de baixa densidade energética, com número de refeições insuficientes, constituída de leites diluídos, engrossados com farinhas e sopas ralas. Existem muitas crenças e tabus sobre a oferta de alimentos à criança pequena, o que interfere na boa prática alimentar.
Nos últimos anos, tem crescido o consenso de que a maior ameaça às crianças, em termos nutricionais, ocorre entre os seis e 24 meses de idade, período em que acontece a transição da amamentação exclusiva para o consumo da dieta familiar, e quando as taxas de doenças infecciosas, como diarréia, são as mais altas. Esta é a razão para o estímulo à manutenção do aleitamento materno até os dois anos.
Beatriz L. V. Ulate, nutricionista