A idade ideal para se iniciar o tratamento ortodôntico varia de acordo com a maloclusão ou problema do paciente. É recomendável que os pais consultem o ortodontista assim que a criança consolide a oclusão decídua, ou seja, apresente todos os dentes de leite na boca. Isso ocorre por volta de 2 ou 2 anos e meio de idade. Nessa fase, o principal objetivo do tratamento é preventivo, visando remover maus hábitos, como sucção de polegar, chupeta, deglutição atípica e respiração bucal, que, caso estejam presentes, constituem fatores etiológicos de maloclusão.
Por volta dos 6 anos de idade ocorre a irrupção dos primeiros pares de dentes permanentes, os primeiros molares inferiores e superiores, atrás dos últimos dentes de leite. Ao contrário do que muitos pensam, o primeiro dente permanente que chega à boca não nasce para substituir nenhum outro dente, o que muitas vezes gera negligência de higiene e cuidados, pois são considerados, erroneamente, dentes de leite. Nessa fase, inicia-se o tratamento propriamente dito que visa corrigir discrepâncias entre bases ósseas. Em outras palavras, procura relacionar corretamente a maxila e mandíbula para que o encaixe dos dentes seja adequado. Normalmente essa correção é feita com aparelhos removíveis.
O início precoce das intervenções deve ser criterioso para não condenar o paciente a um tratamento longo, uma vez que o término se dá com a consolidação da dentição permanente, que ocorre por volta dos 12 anos. Nessa época, é instalado o aparelho ortodôntico fixo, que é constituído de uma peça em cada dente permanente, para o refinamento da oclusão. De acordo com a gravidade das alterações funcionais e esqueléticas do paciente, o ortodontista toma a decisão entre iniciar o tratamento precocemente ou postergá-lo até a adolescência para uso exclusivo do aparelho ortodôntico fixo.
José Miguel Ocanha Jr., ortodontista