Algumas pessoas nascem com as orelhas mal formadas, ou seja, com o formato diferente do considerado ‘normal’. Dessas más formações, a mais comumente encontrada é a denominada de "orelha de abano", em que a sua borda lateral se encontra mais distanciada da cabeça, e, por isso, aparenta ser maior. Nestas orelhas há também a ausência da dobra interna da orelha, o que atribui a ela um aspecto de antena parabólica.
O Doutor Alderson Luiz Pacheco, graduado em medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), comenta que pelo fato de a orelha de abano ser rodada para frente e mais plana, ela fica em maior evidência e, consequentemente, em desarmonia com a face e aparentando ser maior. "Há vários graus de orelha abano, desde o mais leve até o mais severo, mas nem sempre esse grau de alteração significa o quanto essa má formação irá incomodar. Há pacientes com leve abano, mas que nunca usam cabelo preso ou curto, logo, se incomodam mais com as orelhas de abano. Há meninos que, por ter essa má formação, começam a usar cabelos mais longos. São algumas das formas em que as famílias, e as vezes os próprios pacientes, encontram de driblar as questões que podem interferir na vida social", explica Pacheco.
Para tratar dessa situação, a cirurgia para correção de orelha de abano, chamada de otoplastia, é considerada uma cirurgia relativamente comum, com excelente resultado estético - e também emocional na vida do paciente. "Esse é um dos únicos procedimentos estéticos que pode ser feito ainda quando se é criança, a partir dos cinco ou seis anos de idade, pois é nessa época que a criança passa a fazer amizades na escola e a ter problemas de autoestima que podem a acompanhar pelo resto da vida devido a apelidos indesejáveis ou discriminações. É também nessa idade que a orelha já está com o tamanho aproximado da de um adulto", ressalta o médico. "Porém, muitas pessoas ainda realizam essa cirurgia depois de adultos – e o resultado também é excelente", completa.
Pacheco explica que a otoplastia consiste na retirada do excesso de cartilagem e remodelagem do contorno da orelha. A cicatriz final fica na região atrás da orelha, praticamente invisível. Ele lembra que não é preciso cortar o cabelo para fazer a cirurgia. "Inclusive, quem tem cabelo comprido, pode fazer com que ele ajude a disfarçar na fase de inchaço e roxidão inicial, que acontece logo depois da cirurgia", explica.
Ao término da cirurgia, que dura cerca de uma hora e meia, é feito um curativo compressivo que deve permanecer local por alguns dias. Após a retirada desse curativo, o paciente deve utilizar uma faixa elástica por cerca de quatro a seis semanas para garantir um melhor resultado da cirurgia. "A volta a vida normal também é um ponto positivo dessa cirurgia. Cerca de dois dias depois do procedimento já é possível retornar ao trabalho. É uma recuperação pouco dolorosa, que pode ser controlada com analgésicos receitados pelo médico", comenta.
O médico salienta que não deverão ser praticados exercícios em um período de 21 dias e que, esportes de contato, só poderão voltar a ser praticados em cerca de, no mínimo, três meses. "Outro lembrete importante é de que deve-se evitar dormir de lado por cerca de 45 dias, para evitar a compressão em cima das orelhas. Durante esse período, é aconselhável que se utilize uma faixa elástica ou bandana durante à noite durante, para proteção.
"Acredito que a otoplastia é uma cirurgia segura, relativamente simples, com rápida recuperação e que costuma trazer, além da mudança física, um grande ganho emocional e comportamental, deixando o paciente livre de complexos, às vezes do passado, às vezes que o atormentam quando ainda criança", conclui o especialista.