A síndrome metabólica constitui-se atualmente em importante problema de saúde pública, com grande impacto nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Afeta cerca de 25% da população adulta da América Latina, e tal prevalência aumenta em alguns subgrupos, como os idosos, os portadores de gota, os nipo-brasileiros, os pacientes em uso de medicações para Aids e os diabéticos. Nestes últimos, está presente em cerca de 80%.
Ela engloba um grupo de fatores de risco cardiovascular, mais especificamente obesidade abdominal, hipertensão arterial, alteração na glicemia e nos níveis de gorduras circulantes, causando um risco aumentado para o surgimento de diabetes e de doença cardiovascular, tal como acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio.
A síndrome se deve à combinação de ganho de peso na vida adulta e falta de atividade física, mas, em geral, existem fatores genéticos associados. Os fatores raciais também são importantes, haja vista a alta prevalência em populações indígenas, hispânicos e asiáticos.
Sabe-se, atualmente, que a gordura abdominal não é um tecido inerte, mas biologicamente ativo e secretor de inúmeros hormônios (já são conhecidos mais de 50), que interferem com o metabolismo dos açúcares e das gorduras. A adiponectina, por exemplo, que foi descoberta em 1995, é uma das mais importantes substâncias secretadas pelo tecido gorduroso e diminui muito nos obesos, favorecendo, desta forma, o aparecimento de diabetes e de hipertensão arterial.
Vale ressaltar, também, a associação bastante frequente de fígado gorduroso nestes pacientes, com risco de desenvolvimento de complicações hepáticas em uma parcela dos mesmos.
Embora apresente consequências potencialmente graves, a síndrome é reversível com a perda de peso e com a prática regular de atividade física. Várias medicações estão sendo estudadas, porém ainda não empregadas na prática médica de rotina.
Evander Botura - cardiologista (Londrina)