Quando se fala em hipertensão, o leitor logo pensa em pressão alta nos vasos de todo o organismo. Isso se deve ao fato de que a hipertensão arterial é uma entidade muito comum na população. Mas existe outro tipo de hipertensão arterial: a Hipertensão Arterial Pulmonar.
O termo se aplica à elevação de pressão nos vasos presentes no território pulmonar. Felizmente, não é tão frequente, pois é condição grave e, ao contrário da hipertensão arterial, é difícil de ser tratada.
Ela se divide em dois tipos: primaria e secundária. A primária é aquela que ocorre isoladamente. A forma secundária aparece em associação a várias doenças, como por exemplo, doenças congênitas do coração e bronquite crônica. Esta é mais comum e seu tratamento está relacionado à patologia que a originou.
Um exemplo clássico é a criança que nasce com defeito intracardíaco e desenvolve hipertensão pulmonar. Quando o cirurgião cardíaco corrige o defeito ele também está tratando a hipertensão.
Em relação à hipertensão pulmonar primária, o tratamento é muito mais difícil. Atualmente há estudos para o uso do Viagra para tentar reduzir a pressão nos vasos pulmonares. A pressão elevada nestes vasos leva, com o passar dos anos, à falência do lado direito do coração e a um quadro clínico de difícil manejo.
É importante que o leitor saiba que podemos evitar muitos casos de hipertensão pulmonar secundária se nos atentarmos para dois fatos:
1) É fundamental a correção precoce nos defeitos cardíacos da infância. Se houver retardo injustificado poderá haver hipertensão pulmonar de graves consequências. A criança com defeito cardíaco deve ser operada no momento certo, antes do desenvolvimento de hipertensão arterial pulmonar.
2) Em relação à bronquite crônica, a mensagem é muito clara: o tabagismo é o grande fator causal desta doença e, combatendo-se o ato de fumar, estamos também evitando o surgimento da hipertensão pulmonar decorrente desta condição.
Evander Botura, cardiologista