O consumo moderado de álcool aumenta o nível do chamado ''bom colesterol'' - HDL, que remove o colesterol da parede arterial e o transporta de volta para o fígado, o que é benéfico ao organismo. Por outro lado, o consumo regular de álcool também eleva as gorduras circulantes no sangue (triglicérides), que são fatores de risco para a doença cardiovascular e para o diabetes. Portanto, é necessário cautela para se lidar com um assunto tão delicado.
Alguns aspectos consensuais merecem, entretanto, ser lembrados. Em primeiro lugar, os efeitos benéficos do álcool são limitados a um ou dois ''drinks'' por dia.
Segundo, o consumo excessivo está ligado a hemorragia cerebral, miocardiopatia, câncer, cirrose hepática, pancreatite, acidentes, suicídio e homicídio.
Terceiro, pacientes com triglicérides acima de 150 mg/dl (miligramas por decilitro), pancreatite, doença hepática, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, gestantes ou em uso de certas medicações não deveriam usar qualquer dose de álcool.
Quem tem história familiar de alcoolismo deve evitar qualquer consumo de bebidas alcoólicas. Atenção especial para adolescentes e adultos jovens, pelo risco de dependência crônica.
Por fim, é importante citar que a Associação Americana de Cardiologia afirma haver ''pouca justificativa para recomendar álcool (ou vinho especificamente) como medida protetora do coração. A AAM mantém a recomendação de que o uso de álcool deveria ser um item de diálogo entre médico e paciente.''
Evander Botura, cardiologista do Hospital do Coração de Londrina