Artigo da moda em muitas rodinhas de jovens, o narguilé parece inofensivo. O que muitos usuários não sabem é que fumar o narguilé pode fazer tão mal quanto o tabaco presente nos cigarros comuns. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma hora de sessão de narguilé equivale a fumar cem cigarros comuns. Os dados e a crescente estatística do seu uso no Brasil acendem alerta no governo.
Embora tenha a mesma quantidade de substâncias tóxicas – 4.700, segundo o Instituto Nacional do Câncer – uma sessão com o instrumento dura mais do que tragar um cigarro inteiro. O narguilé pode ter uma ou mais tubulações por onde o fumo chega até a boca do usuário – o que o torna compartilhável.
O cardiologista Ricardo Rodrigues, do Centro do Coração de Londrina, ressalta os riscos do uso do narguilé. "Na verdade pode fazer até mais mal que o cigarro, porque além das doenças cardiovasculares, aquele conglomerado de várias pessoas usando o mesmo aparelho pode favorecer a transmissão de doenças infecciosas, como a hepatite A, por exemplo", aponta.
Usado de forma coletiva, o cachimbo de origem oriental tem aparência exótica, cheiro e sabor agradáveis e vem se tornando cada vez mais popular entre os jovens do Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Sade (PNS), de 2015, dos cerca de 212 mil usuários de narguilé no país, 112 mil (53%) fumam esporadicamente, enquanto 27,5 mil (13%) fazem uso uma vez por mês, 57,2 mil (27%) semanalmente e 14,8 mil (7%) afirmam realizar o consumo diariamente.
"Já está comprovado que o narguilé causa dependência e, muitas vezes, é a porta de entrada para o uso regular de outros produtos de tabaco, como o cigarro", cita o cardiologista.
Rodrigues alerta que utilizar álcool ou energéticos ao invés de água como solvente, como muitos jovens têm feito recentemente, pode elevar ainda mais os perigos do uso do narguilé. "A temperatura é um pouco menor, porque o solvente na maioria da vezes é água. Mas já tem gente usando álcool, energéticos, e isso tudo mascara, passa ideia de que você não está ingerindo nicotina, mas há ingestão, além de nicotina, de muitas outras substâncias, que aumentam doenças cardiovasculares", acrescenta o cardiologista.
Além do infarto do miocárdio, o uso de narguilé pode favorecer o aparecimento de arritmias cardíacas, que é quando o coração passa a bater em ritmo descompassado, fora do habitual, principalmente quando há mistura com álcool e energéticos. Derrames e acidentes vasculares cerebrais (AVC) também estão nesta lista.
O alerta vale também para os fumantes passivos do narguilé. Estes correm os mesmos riscos de quem fuma. Por este motivo, é importante que grávidas, bebês, crianças e pessoas com doenças pulmonares e respiratórias se mantenham bem afastadas destes ambientes que são um risco para a sua saúde.
Seu uso também está associado ao desenvolvimento de câncer do pulmão, doenças respiratórias e doenças infectocontagiosas, pois o hábito de compartilhar o bucal entre os usuários pode resultar na transmissão de doenças como Herpes, Hepatite C e Tuberculose.