Frequentemente, é preciso lançar mão do arsenal farmacológico para tratar as mais diversas doenças, desde um resfriado ou uma dor de cabeça. E durante qualquer tipo de tratamento, prestar atenção às interações entre os medicamentos e os alimentos que consumimos é importante para que tanto o tratamento quanto a alimentação não sejam prejudicados.
A interação droga-nutrientes é um assunto relativamente recente e as informações a respeito ainda são um pouco escassas, mas vêm crescendo nos últimos anos. O tema é de interesse tanto dos médicos como dos nutricionistas, bem como dos pacientes, principalmente aqueles que fazem tratamentos prolongados.
O leite é um alimento e, por isso, estimula a produção de sucos digestivos. Vários medicamentos podem perder seus efeitos ao serem degradados pelo suco gástrico liberado pelo organismo. Além disso, leite contém cálcio e outros nutrientes que podem promover a perda do efeito terapêutico pela inativação química (quelação), reação comum entre esta bebida e a tetraciclina (antibiótico).
Desde o início da década de 90 é de conhecimento dos profissionais da área da saúde que alguns medicamentos, incluindo aqueles comumente administrados para a redução do colesterol ou da pressão sanguínea, tornam-se mais efetivos quando as pessoas tomam um copo de suco de fruta.
Plantas aparentemente inofensivas e amplamente utilizadas para fazer chás podem reduzir a eficácia ou potencializar os efeitos colaterais dos medicamentos anti-retrovirais usados no tratamento de pacientes com Aids. Os principais chás que demonstraram interagir quimicamente com os medicamentos são os de camomila, hortelã, boldo, mate, alho e confrei.
Portanto, o que se recomenda de uma maneira geral é ingerir medicamentos sempre com bastante água (100 a 200 ml) e, sempre que possível, distante das refeições pelo menos uma hora, para evitar possíveis interferências na absorção do medicamento ou de algum nutriente.
Beatriz L. V. Ulate, nutricionista