O uso prolongado do anticoncepcional oral pode causar retenção de líquidos no corpo?
Os anticoncepcionais orais são usados como contraceptivos desde a década de 50. É um dos métodos mais difundidos em todo o mundo e também um dos mais estudados. Seu uso vem sendo aperfeiçoado desde então.
Geralmente, utiliza-se uma associação estrógeno-progestágeno combinada (são esses os principais hormônios femininos). Na grande maioria dos anticoncepcionais o estrógeno utilizado é o etinilestradiol, e, hoje, as doses deste hormônio são até 10 vezes menores que nos primeiros anticoncepcionais fabricados, sendo garantida a mesma eficácia.
O progestágeno existente é que pode variar muito no hormônio utilizado. Este tem sido aperfeiçoado nos últimos anos, podendo-se fazer uso de compostos, inclusive com efeito diurético (que causam eliminação de líquidos), outros ainda que melhoram o aspecto da pele, reduzem a queda de cabelo etc.
Como todo medicamento, deve-se utilizar a menor dose com a máxima eficácia, procurando o menor efeito colateral. Desta forma, procura-se, antes da introdução de um anticoncepcional, realizar uma análise individual de cada paciente, introduzindo, quando indicado, um contraceptivo que melhor se adapte.
Na existência de queixa de retenção de líquidos, procura-se fazer uso de compostos que tenham efeito diurético, ou, pelo menos, que não agravem a situação. Assim, podemos afirmar que não ocorre a retenção de líquidos com o uso prolongado de anticoncepcionais, uma vez que não é esta a causa da retenção, mas o medicamento que se está utilizando.
Em síntese, depreende-se que se deve adaptar para a paciente, na ocorrência de retenção líquida, um progestágeno que não a promova, mas que leve, inclusive, à maior eliminação de líquidos pelo organismo.
Marcelo Mendonça, ginecologista