O hábito de fazer as unhas em salões de beleza pode representar um risco para as mulheres. A cada ano aumenta o número de pacientes infectadas pela hepatite C. Somente em 2006, o Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Informação de Agravo de Notificação, registrou mais de 3,2 mil novos casos de mulheres contaminadas por esta forma de hepatite. Muitas delas podem ter sido infectadas por meio de alicates durante visitas à manicure.
A hepatite C provoca uma inflamação do fígado e pode evoluir para casos graves como câncer e cirrose. A doença é causada pelo vírus HCV e transmitida por meio do contato com o sangue contaminado. As formas mais comuns de contágio são o uso de drogas com agulhas e seringas compartilhadas e manipulação com material contaminado que corte ou fure a pele, como lâminas, bisturis, alicates, espátulas e agulhas. No Brasil, das cerca de 3 milhões de pessoas infectadas, quase 90% não sabem que estão com a doença, pois ela raramente apresenta sintomas e pode permanecer no organismo por até 20 anos sem se manifestar.
Embora praticamente todos os salões trabalhem com materiais esterilizados, muitas vezes a forma de disposição de alicates nas estufas resulta em uma esterilização incorreta. A dica é ter seu próprio kit manicure.
Nada impede, porém, que o portador da hepatite C possa ter uma vida normal. A cura para a doença já pode ser considerada uma realidade. Um estudo recente, do Virginia Commonwealth University Medical Center, nos EUA, apontou que o tratamento com a combinação de dois medicamentos - o interferon peguilado alfa-2a (Pegasys) e a ribavirina - promove a eliminação do vírus da hepatite C (HCV) do sangue dos pacientes, resultando em uma resposta virológica sustentada, entendida como a cura para esta forma de hepatite.
Diagnóstico precoce e tratamento adequado são fatores primordiais para que o paciente recupere sua saúde.
Rafael Sani Simões, infectologista (SP)