O Linfoma de Hodgkin é um tipo de câncer raro que acomete 3 em cada 100 mil habitantes no Brasil. O que o diferencia dos outros tipos de linfoma é a presença de um tipo característico de célula chamada de reed sternberg, um linfócito B que sofreu uma mutação, se transformando em uma célula cancerígena. O tratamento para essa doença pode ser feito de diversas maneiras, com a quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea e o uso de novos agentes, como terapia-alvo.
Todo processo é dividido em fases ou linhas, sendo que a primeira é a quimioterapia. A maioria dos pacientes responde a primeira linha de tratamento, em torno de 70 a 80%. Os outros 20 a 30% recidivam, ou seja, voltam a apresentar a doença.
Estes pacientes continuam com o tratamento, chamado de 2ª linha, no qual a quimioterapia é conhecida como de resgate ou salvamento. Nos casos em que os pacientes sejam elegíveis, é seguido do Transplante Autólogo de Medula, em que são utilizadas células-tronco da medula do próprio paciente.
Se mesmo assim o paciente não apresentar resposta ou voltar a ter a doença, há a 3ª linha de tratamento feita por meio de terapia-alvo. De acordo com a hematologista Dra. Paola Tôrres, o Linfoma de Hodgkin pode ser desenvolvido em muitas partes do corpo. "É mais frequente nos gânglios linfáticos, localizados no pescoço, na região axilar e no mediastino - região no tórax entre o coração e os pulmões onde ficam os linfonodos que drenam esses órgãos".
Os sintomas da doença são variados e se manifestam dependendo da localização no corpo. De maneira geral, existe o aumento do volume dos gânglios linfáticos, febre, perda de peso, cansaço, coceira e perda de apetite. "Quando o linfoma afeta o tórax, por exemplo, pode provocar tosse, dificuldade para respirar e dores no peito. Mas é preciso lembrar que os sintomas são muito similares a outras condições. Por isso, a avaliação do médico é fundamental", orienta a Dra. Paola.
Após diagnosticado, as opções de tratamento dependerão de diversos fatores. Entre eles, o tipo de Doença de Hodgkin, extensão do câncer, estado clínico, idade do paciente e tipo e localização do Linfoma. "80% dos pacientes respondem à primeira opção de tratamento, que é feita com quimioterapia. Os 20% restantes recaem ou recidivam, ou seja, voltam a ter a doença ou não respondem ao tratamento sugerido", explica a hematologista. Nesses casos, o especialista responsável determinará uma nova opção de tratamento, que pode ser feita à base de medicamentos.
Entenda como funciona cada tratamento mencionado:
Quimioterapia
São medicamentos que destroem as células tumorais. Normalmente, é utilizada por via venosa, administrada em ciclos e pode ser combinada com a radioterapia. A quimioterapia é feita com o uso de medicamentos simultâneos porque seus diferentes mecanismos de ação sobre a célula cancerígena potencializam a sua ação.
Radioterapia
São radiações que destroem ou inibem o crescimento das células cancerosas que formam um tumor. O linfonodo acometido é irradiado com doses fracionadas. Para o Linfoma de Hodgkin, esse tratamento é realizado muito cuidadosamente para que a radiação seja feita exatamente no local necessário.
Transplante de medula óssea
É considerado o reabastecimento de células saudáveis na medula óssea do paciente. Nos casos de Linfoma de Hodgkin, normalmente, essa opção é utilizada quando a doença permanece mesmo após a quimioterapia e/ou radioterapia com a combinação de medicamentos. O transplante pode ser feito pelas próprias células-tronco do paciente, considerado transplante Autólogo, ou por meio de um doador, chamado de transplante Alogênico.
Uso de Terapias Alvo
No Brasil, existe apenas um medicamento aprovado como terapia alvo para o tratamento de Linfoma de Hodgkin, cuja substância ativa se chama brentuximabe vedotina. A droga tem como alvo apenas as células cancerígenas, diferente do que acontece com a quimioterapia, que não tem a mesma seletividade e especificidade no seu mecanismo de ação.