A dor de cabeça está presente em aproximadamente 20% da população, é uma das queixas mais comuns nos consultórios médicos e frequente motivo de falta ao trabalho. As dores crônicas são classificadas em primárias, quando a dor é a própria doença, não existindo causas aparentes; e as secundárias, decorrentes de enfermidades que em seu curso evolutivo causam dor de cabeça, como meningite ou sinusites.
De cada 10 pacientes com dor de cabeça, nove formam o grupo das primárias e apenas 10% constituem as secundárias. Para o diagnóstico do tipo de dor de cabeça é essencial uma história clínica cuidadosa, esclarecendo quanto tempo ela existe, com que frequência ocorre, a duração de cada crise, período do dia que se inicia, sua localização e características, sintomas associados, a relação com alimentos, com os ciclos hormonais, história familiar de dor de cabeça. Uma história clínica minuciosa contribui com 90% para o diagnóstico.
Na sequência vem o exame neurológico, que irá complementar a avaliação médica. Com este roteiro é possível classificar a dor em primária ou secundária. A quase totalidade das dores primárias são enxaqueca, ou cefaléia tensional. Uma vez diagnosticada enxaqueca, não há necessidade de exames complementares. Poderão ser solicitados apenas quando existir alguma dúvida diagnóstica, ou na presença de sinal suspeito (red flag), alteração no exame neurológico, ou surgimento de novos sintomas com o transcorrer do tempo.
Já as cefaléias secundárias geralmente necessitam ser investigadas. Sinusites, meningites, hemorragias cerebrais, suspeita de tumores, traumatismos cranianos, entre outras, são condições que cursam com dor de cabeça associada a outros sinais e sintomas.
Carlos Boer - neurologista (Londrina)