A oclusão dentária (o encaixe dos dentes entre si), se perturbada por dentes mal posicionados, pode, em conjunto com as forças musculares da mastigação e do apertamento dos dentes, gerar distúrbios na musculatura craniofacial e nas articulações da mandíbula. Segundo estudos, cerca de sete a cada dez pessoas não apresentam oclusão dentária que possa ser considerada completamente normal.
Vários fatores influem na organização dos dentes para que se estabeleça a oclusão dentária: crescimento e desenvolvimento dos ossos da face, erupção de cada dente em seu tempo certo, força da mastigação e deglutição, hábitos nocivos (chupeta, sucção de dedos, mordiscação de objetos, roer unhas), modo de respiração, sisos com falta de espaço ou presos dentro dos ossos, acidentes de impacto sobre a face e hereditariedade.
O estabelecimento da oclusão dentária correta pode ser considerada uma complexa orquestração, que termina próxima ao fim da adolescência. Se neste período a criança não tiver tido os cuidados necessários, ela poderá sofrer consequências desconfortantes.
E as consequências vão além do posicionamento inadequado dos dentes em suas arcadas. Podem ocorrer anomalias dentofaciais: sensações desconfortantes na musculatura pelo excesso de tensão e contratura da face, cabeça, pescoço e até ombros; cefaleias tensionais, ruídos e dores nas articulações craniomandibulares, mastigação, deglutição e fonação inadequadas, posicionamento inadequado da língua, gerando propensão a ronco e apneia, apertamentos dos dentes e/ou rangidos noturnos, entre outros.
As questões expostas costumam ser tratadas envolvendo profissionais da área odontológica, médica, fonoaudiológica e fisioterápica.
Gerson I. Köhler, especialista em ortodontia (Curitiba)