A paciente com bulimia não tem a magreza da paciente com anorexia, não assume o transtorno alimentar, é geralmente extrovertida durante as consultas, frequenta anos a fio os consultórios médicos tentando perder peso e aparenta tratar-se de 'mais uma pessoa ansiosa', que tem dificuldade para perder peso.
Somente quando sente-se segura e amparada é que esta paciente se abre. Cabe ao médico uma abordagem clínica direcionada para a busca de possíveis transtornos alimentares. Caso contrário, os casos de bulimia nervosa nunca serão diagnosticados.
O aparecimento da doença dá-se, geralmente, na adolescência e no início da idade adulta. A bulimia nervosa caracteriza-se por episódios de grande e rápida ingestão alimentar com a sensação de 'perda do controle' durante os acessos bulímicos. Muitas vezes, o paciente come alimentos que ele nem aprecia e come o que encontra pela frente. Come até a exaustão e dor física.
Depois surge a culpa, a tristeza, vergonha e decepção por não ter conseguido se conter. Os episódios ocorrem várias vezes por semana e são geralmente acompanhados por atitudes compensatórias para o controle de peso, como o uso de medicamentos - diuréticos, laxantes e inibidores de apetite - excesso de exercícios físicos, dietas drásticas, longos períodos de jejum e vômitos induzidos. Nem todos os pacientes com bulimia nervosa induzem vômitos.
O paciente muitas vezes tem sobrepeso e até obesidade. Come de forma alucinada, desregrada, compulsiva, buscando uma sensação de preenchimento e diminuição da angústia. A sua marca emocional é a falta do controle das próprias emoções. Apesar disso, mostra-se alegre e sociável, mesmo estando depressiva e ansiosa.
O tratamento da bulimia nervosa, assim como o de todos os transtornos alimentares, envolve uma equipe multidisciplinar de atendimento, composta por médicos, nutricionistas e psicólogos ou psicanalistas.
Ellen Simone Paiva, endocrinologista e nutróloga (SP)