Pode-se dizer que a videolaparoscopia é um dos maiores avanços na área cirúrgica nas últimas décadas. É a possibilidade de se trabalhar o interior do organismo sem a necessidade de cortes grandes, que deixavam cicatrizes enormes e faziam do pós-operatório um martírio para os pacientes.
O procedimento é extremamente sutil. Uma microcâmera é introduzida na barriga pelo umbigo, por meio de um corte mínimo, de quatro milímetros. As imagens são ampliadas em alta resolução em uma televisão.
Para abrir espaço para visualizar o local, é injetado gás carbônico para insuflar o abdômen. No decorrer do procedimento, vários gases foram utilizados com esta função. Todos, no entanto, apresentavam problemas aos pacientes, até que se chegou ao CO2 (fórmula química do gás carbônico). Ele não leva riscos à operação, como uma explosão, e é melhor absorvido pelo organismo, causando muito menos desconfortos no pós-operatório.
Os outros instrumentos - pinças, tesouras, cautérios - que irão auxiliar no trabalho são introduzidos por outras duas ou três incisões, também muito pequenas. As peças são devidamente miniaturizadas para passarem sem problemas pela pequena abertura e trabalharem dentro da cavidade.
Essa abordagem tão pouco impactante sobre o corpo tem inúmeras vantagens em relação à cirurgia tradicional. O sangramento é mínimo, em geral, nulo, pois os gases estancam o sangue. O tempo de recuperação é muito menor, logo a retomada das atividades diárias e físicas ocorre com mais precocidade.
A necessidade de uso de remédios diminui consideravelmente, assim como a chance de aderência entre tecidos durante a cicatrização. Como as incisões são muito pequenas, o benefício estético também é muito maior.
Praticamente, todas as intervenções cirúrgicas no abdômen podem ser feitas por meio da videolaparoscopia. Apostar nesse procedimento é garantir mais segurança e tranquilidade antes, durante e após a operação.
Doutor Carlos A. Sabbag, médico cirurgião (Curitiba)