O termo ''cianose'' refere-se a uma coloração azulada da pele e das membranas mucosas do nosso corpo. Ela é geralmente mais acentuada nos lábios, unhas, orelhas e bochechas . A sua detecção clínica nem sempre é fácil e o médico deve fazer um exame clínico cuidadoso.
Condições clínicas diversas podem cursar com cianose. Ela é classicamente dividida como sendo de origem central ou periférica.
Lesões pulmonares como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica ( DPOC), comum no paciente tabagista, altitude elevada e doenças cardíacas congênitas são exemplos importantes de cianose central.
DPOC tem se tornado uma epidemia mundial, afetando mais de 10% das pessoas com mais de 40 anos de idade e constituindo-se em uma das principais causas de morte e incapacitação.
Em relação à altitude elevada, é importante ressaltar que cianose não ocorre em um grau significativo numa altitude de 2.500 metros, porém é acentuada num nível de 5 mil metros. Isto se deve ao fato de que nesta última altitude ocorre uma queda importante na tensão de oxigênio do ar atmosférico e não ocorre compensação pulmonar satisfatória.
A lesão congênita cardíaca mais comumente associada com cianose no adulto é a chamada Tetralogia de Fallot, a qual é responsável por quase 10 por cento de todas as formas de doença cardíaca congênita. Este defeito cardíaco tem sido tratado cirurgicamente desde 1944, inicialmente de forma paliativa e posteriormente de modo curativo, mudando completamente a história natural da enfermidade.
Entre as causas periféricas, podemos citar a vasoconstricção generalizada resultante da exposição ao frio (que é uma resposta normal) e a vasoconstricção cutânea que ocorre nos casos de choque (falência do sistema circulatório e incapacidade para manter a perfusão adequada das células), que é uma condição clínica muito grave.
Evander Botura, cardiologista