Muito se tem publicado na mídia não-científica sobre células-tronco. Então vale a pena repassar alguns conceitos. Basicamente, existem dois tipos de células-tronco: as extraídas de embriões e as obtidas de tecidos não embrionários.
As células-tronco obtidas de tecidos não embrionários são um grupo de células com capacidade de se regenerar e se diferenciar nos vários tipos celulares que compõem os tecidos de onde foram retiradas; são chamadas de multipotentes. Foi constatado que a maioria dos tecidos dos diversos órgãos, além de conter as células especializadas que os caracterizam, contêm precursores celulares que permitem a regeneração quando o tecido é lesado.
As células obtidas de embriões (3 ou 4 dias de vida) são chamadas de totipotentes, capazes de gerar um organismo inteiro. A dificuldade hoje está em direcionar qual tecido elas vão desenvolver.
Mas o que é terapia com células-tronco? É a terapia celular para tratar doenças e lesões por meio da substituição de tecidos doentes por células saudáveis.
Em relação ao músculo cardíaco, pesquisadores do Hospital Pediátrico de Boston identificaram recentemente um grupo especial de células que consegue dar origem aos cardiomiócitos, as células do músculo cardíaco. Elas provêm do epicárdio, camada que fica mais à superfície do músculo do coração.
O pesquisador William Pu tem expectativa de que esta fonte de cardiomiócito possa ser uma nova etapa na terapia celular dirigida às doenças do coração. Todavia, estes experimentos foram feitos em camundongos e ainda estão distantes para a utilização em humanos. Os estudos atuais em humanos são realizados com células da medula óssea do próprio paciente, e que após serem isoladas, são injetadas nas artérias coronárias dos pacientes com doença cardíaca. Mas sua utilização ainda não está disponível para toda a população, pois os resultados precisam ser melhor analisados.
Walace Aquino, cardiologista