No Brasil existem aproximadamente 2 milhões de portadores de catarata, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ela é a maior causa de cegueira no mundo. Mas, o que vem a ser a doença? Muitas perguntas surgem quanto esse tema vem à tona. Aquela pequena pele que cresce em frente ao olho, é a catarata? A doença é hereditária? Pode acometer crianças ou apenas idosos?
A catarata é uma alteração ocular que atinge e torna opaco o cristalino, lente situada atrás da íris, cuja transparência permite que os raios de luz o atravessem e alcancem a retina para formar a imagem. Esse envelhecimento gradual do cristalino compromete a visão e pode levar à cegueira. Alguns fatores, no entanto, podem acelerar a formação da catarata, dentre eles: diabetes, inflamação no olho, trauma, histórico familiar de catarata, uso de corticoides via oral (a longo prazo), exposição à radiação, fumo, cirurgia em função de outro problema oftalmológico ou exposição excessiva a raios ultravioleta.
Para esclarecer, algumas das principais dúvidas que permeiam o assunto, o oftalmologista Richard Yudi Hida, fala sobre alguns mitos e verdades. Confira:
Colírios podem curar a catarata?
MITO. A catarata só é tratada por meio da cirurgia. Ao contrário do que se imagina, o procedimento cirúrgico para tratar o problema é por meio de ultrassom e não por laser. O aparelho aspira o cristalino e injetamos uma lente atrás da íris - parte colorida dos olhos. A recuperação geralmente ocorre em uma semana (existem colírios para este objetivo, mas não ha evidências científicas que comprovem sua eficácia).
A catarata não volta após a cirurgia.
VERDADE. O que pode ocorrer é a opacificação da cápsula transparente em que se coloca a lente intraocular. Isto ocorria em até 30% dos casos, quando se utilizava modelos de lentes mais antigos. Hoje em dia ocorre em somente 5 a 10% dos casos. Uma espécie de polimento da lente com laser pode resolver o problema de forma rápida e indolor.
A catarata é aquele pele que cresce na frente do olho?
MITO. Muitas pessoas confundem a membrana que cresce na superfície da córnea, que se denomina pterígio, com a catarata. O pterígio pode crescer, deixar o olho avermelhado e, se atingir o centro da córnea, também pode baixar a visão. A catarata é interna e só pode ser vista a olho nu em casos muito avançados, quando se observa um reflexo esbranquiçado atrás da pupila.
É possível livrar-se dos óculos operando a catarata?
VERDADE. Na maioria dos casos, sim. Atualmente existe uma grande variedade de lentes para a cirurgia de catarata. As mais recomendadas são as dobráveis de acrílico, que são inseridas por meio de uma pequena incisão e proporcionam uma recuperação visual mais rápida e segura. Existem também as lentes de modelo multifocal ou bifocal, que permitem a visão de perto a meia distância e de longe, reduzindo a necessidade de uso de óculos para perto para 80% dos pacientes. Mas nem todos os indivíduos com catarata têm o perfil para este implante, portanto o médico deve ser consultado para analisar essa possibilidade.
A catarata é uma doença de idosos.
MITO. A catarata senil, que afeta pessoas com mais de 60 anos, está relacionada com o envelhecimento. No entanto, existem outros tipos de catarata, como por exemplo, a congênita, que se manifesta na infância, podendo surgir do nascimento até os 10 anos de idade. Geralmente aparece em decorrência de doenças como a rubéola e a toxoplasmose durante a gravidez.
O diabetes é um fator de risco?
VERDADE. Várias pesquisas já mostraram a maior prevalência e frequência de catarata em pacientes diabéticos. Isto se dá principalmente devido aos altos níveis glicêmicos nestes pacientes. É indispensável que todos os pacientes portadores de diabetes façam controles oftalmológicos periódicos e mantenham sempre um bom controle glicêmico, a fim de se evitar o desenvolvimento da catarata.