Em decorrência do aumento da expectativa de vida da população, o número de pacientes com catarata e glaucoma coexistentes vem crescendo nas últimas décadas. Apesar do desejo dos pacientes em fazer uma única cirurgia para resolver os dois problemas, apenas um especialista pode indicar qual o tratamento ideal: se a cirurgia combinada ou isolada.
Segundo a médica oftalmologista Letícia Trevisan Tecchio, da Clínica Schaefer, de Curitiba, "a decisão de que tipo de cirurgia deve ser realizada no paciente com glaucoma e catarata coexistentes depende de vários fatores, principalmente o tipo de glaucoma e a severidade do caso", afirma. Ela explica que a catarata pode naturalmente coexistir com o glaucoma, mas também pode ter um efeito causador ou até surgir após uma cirurgia de glaucoma.
A catarata é um embaçamento da lente que existe dentro do olho e cursa com diminuição da visão. Quando o paciente portador de glaucoma requer uma cirurgia para controle da pressão intraocular e já apresenta catarata, pode ser uma ótima oportunidade para remoção da catarata em conjunto na mesma cirurgia.
"A cirurgia de catarata pode ser combinada com a trabeculectomia, que é a cirurgia filtrante clássica do glaucoma, mas também podem ser adotadas outras técnicas como a canaloplastia, endociclofotocoagulação e os novos stents microcirúrgicos, ainda não disponíveis no Brasil", diz a médica.
Em algumas circunstâncias, principalmente nos casos de glaucoma de ângulo estreito, a cirurgia de catarata isolada pode ser muito benéfica na redução da pressão intraocular.
"A cirurgia de catarata no paciente com glaucoma pode ser mais complicada devido às alterações anatômicas que podem existir no glaucoma, como por exemplo a pseudoesfoliação, que é uma situação onde todas as estruturas de sustentação do cristalino estão fragilizadas. A ocorrência de picos de pressão no pós-operatório deve ser monitorada e controlada para evitar piora do glaucoma", destaca a especialista da Clínica Schaefer.