A cafeína é a substância química mais estudada em toda a história da medicina desde a sua descoberta, em 1820. Nenhuma outra substância possui tantos artigos científicos, sendo que a grande maioria considera a cafeína uma vilã, particularmente (e equivocadamente) aquela presente no café. Um litro de refrigerante do tipo ''cola'' possui o mesmo teor de cafeína presente em três ou quatro xícaras grandes de café. Centenas de trabalhos foram publicados atribuindo à cafeína efeitos como teratogênicos, indutor de parto prematuro, recém-nascido de baixo peso e aborto.
A relação entre a cafeína e o risco de anomalias reprodutivas sobre o ser humano tem sido periodicamente publicada e revisada. Poucos citam o teor final da cafeína no café, ou isolada, nem os outros compostos presentes no café, como os quinídeos, que protegem dos efeitos da cafeína.
A mais completa revisão sobre o assunto chega à conclusão de que não existem evidências convincentes até o presente que mostrem que o consumo de cafeína aumente o risco de qualquer anormalidade reprodutiva no ser humano, tais como teratogenia, parto prematuro, aborto, entre outras.
Os estudos que sugerem uma correlação entre a cafeína e o risco na reprodução humana são observados em pesquisas de baixa qualidade em comparação com aquelas consideradas como quase ideais. Isto é importante nas pesquisas que sugerem crianças de baixo peso, parto prematuro, aborto espontâneo e anormalidades congênitas.
Variáveis associadas quase sempre ao consumo de café são o tabagismo e o consumo de álcool, algo que nunca é especificado nas pesquisas que culpam a cafeína. Por isto, na atualidade, após tantos artigos negativos, porém incorretos, é possível afirmar que a cafeína é completamente inocente, sem risco e segura se consumida por gestantes, desde que em doses moderadas (de uma a três xícaras diárias, principalmente se misturada ao leite). Assim como também acontece com o uso de chás, que geralmente são usados com menor frequência.
Evaldir Bordin Filho, ginecologista