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A arcada dentária pode influenciar no formato do rosto?

03 out 2012 às 14:53

Os dentes das crianças são uma grande preocupação para os pais desde o momento em que a gengiva é rompida pela primeira vez. Os decíduos ("de leite") surgem a partir dos seis meses de idade e a amamentação tem papel fundamental nesta fase. "Ao mamar no seio da mãe, as estruturas ósseas e musculares da face do bebê se preparam para receber os dentes de leite. O correto desenvolvimento do rosto influencia a mastigação, deglutição, comunicação e demais funções faciais e influencia questões estéticas", afirma o ortopedista facial e ortodontista Gerson I. Köhler, da Köhler Ortofacial.

Gerson explica que hábitos inadequados podem afetar o crescimento facial. Entre os mais nocivos estão à respiração bucal, uso de chupeta e a falta de estímulos para o amadurecimento das estruturas faciais. A prevenção ou a correção das irregularidades nos ossos e músculos da face é assunto para a ortodontia pediátrica e a ortopedia facial. "Estas especialidades são consideradas ramos da odontologia, com ênfase no diagnóstico, prevenção e tratamento de irregularidades dentais e faciais. A ortodontia está relacionada à posição dos dentes dentro do osso e a ortopedia facial está ligada as bases ósseas", esclarece.


Os profissionais que atuam na área são graduados como cirurgiões-dentistas e pós-graduados em ortodontia e ortopedia facial. A prevenção e a correção das relações desarmônicas entre as bases ósseas podem ser feitas na infância, adolescência ou durante a fase adulta. "O tratamento precoce é mais eficaz, pois o período de crescimento ativo permite o redirecionamento do crescimento dos ossos do rosto e dos dentes. O objetivo é promover bem-estar, melhorar a qualidade de vida do paciente e contribuir com o seu potencial de beleza facial", observa.


A partir dos três anos de idade já é possível fazer o acompanhamento ortodôntico e ortopédico facial. Diversas pesquisas pediátricas sobre o crescimento da face apontam que aos quatros anos, o rosto infantil tem 60% do tamanho que terá na fase adulta. "Portanto, nesta tenra idade, sobram apenas 40% de potencialidade de crescimento do rosto que podem ser administrados terapeuticamente. Com o passar dos anos, este potencial diminui", ressalta Gerson, membro especialista da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR), filiada a World Federation of Orthodontists (WFO -USA).


Juarez F. W. Köhler, outro especialista em ortopedia facial e ortodontia da equipe interdisciplinar da Köhler Ortofacial, destaca que a capacidade de normalizar os desvios de crescimento e desenvolvimento que podem ocorrer no rosto decresce na razão inversa da idade, sendo que, aos 12 anos, cerca de 80% do crescimento facial final ja ocorreu. "A intervenção precoce é imprescindível. O acompanhamento do crescimento dos ossos da face, especialmente da maxila e da mandíbula, permitem que a erupção dos dentes de leite seja mais correta e possibilitam a administração das etapas de trocas dentárias", enfatiza Juarez, membro da ABOR.


Neste conceito moderno de Ortopedia Pediátrica de Acompanhamento (OPA), as crianças com cinco anos de idade podem utilizar aparelhos ortopédicos faciais intrabucais para tratar as anomalias dentofaciais incipientes, que incluem os aspectos ortodônticos, como a posição dos dentes nas arcadas dentárias inferiores e superiores e o relacionamento entre estas bases ósseas. "O aparelho é de uso simples e indolor, sem causar desconfortos. O dispositivo trata os ossos e os músculos do rosto com a finalidade de corrigir eventuais alterações no crescimento e desenvolvimento da face", declara Juarez.

Gerson acrescenta que os tratamentos em idade precoce costumam ser rápidos e muito importantes para evitar que as anomalias dentofaciais se acentuem e estejam presentes de modo agressivo a partir da pré-adolescência. "Infelizmente nem todos os pais conhecem a OPA. A divulgação deste conceito é essencial para que o rosto das crianças possa se desenvolver em sua melhor forma de harmonia, beleza, função e saúde", finaliza o especialista, professor convidado da pós-graduação em Odontologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) desde 1988.


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