Saúde & Ambiente

'Psicóloga foi vital para mim', desabafa jovem que tentou suicídio

25 set 2018 às 15:23

"Sempre tive uma vida privilegiada. Estudei em colégio particular, tinha amigos e meus pais sempre foram uns amores, me davam tudo o que eu queria e mais um pouco. No primeiro ano do ensino médio, eu desenvolvi um quadro muito sério de depressão, comecei a me cortar e a planejar com frequência a minha morte. Eu escondia dos meus pais o meu quadro depressivo e tentava lidar com a minha sexualidade, que aos olhos de todos era errada. Aos 16 anos, eu já não aguentava mais, me via desamparada, sem amigos e tentei suicídio".


A história de Rafaela (nome alterado), 23 anos, é semelhante a de outros jovens que passam por problemas pessoais, como aceitação e bullying. Segundo dados da OMS, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos, perdendo apenas para a violência.


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Até os 13 anos, Rafaela levava uma vida normal: tinha vários amigos, estudava em colégio particular e se dava bem com os seus pais. Foi nesse mesmo ano que ela começou o seu primeiro relacionamento, com um menino de outra cidade. Porém, o namoro não foi para frente e a garota percebeu que, na verdade, se interessava por meninas. "Eu não sabia se o que eu estava sentindo era normal. Então, comecei namorar escondido essa garota. Em certo momento meus pais descobriram, o colégio descobriu", relembra.


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Com toda a pressão e desamparo, a garota desenvolveu um quadro sério de depressão. Ela começou a se cortar e planejar a sua morte com frequência.


Aos 16 anos, sem amigos e desamparada, Rafaela tentou suicídio. A mãe da jovem foi quem chamou uma ambulância.


Rafaela também passou a fazer tratamento com uma nova psicóloga e psiquiatra. "A minha psicóloga foi vital para mim, o tratamento que tive foi muito bom. Precisei de remédios no começo, mas depois com terapia não via mais necessidade. Hoje não tomo", afirma.


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Sobre o Setembro Amarelo, Rafaela acredita que é uma iniciativa válida, porém se preocupa com a ideia de que um abraço resolve tudo e com pessoas que abrem o "inbox" das redes sociais para quem queira conversar. "Acho que a campanha deveria focar em questões como suporte psicológico acessível para a população. Talvez hoje eu só estou viva porque meus pais tiveram condições de me pagar uma psicóloga. Quantas pessoas não tem esse privilégio?".


Redes Sociais
No mês de setembro, algumas pessoas disponibilizam o "inbox" das suas redes sociais para aqueles que estão passando por problemas e queiram desabafar e conversar. A atitude porém, pode ser perigosa, como alerta a psicóloga Paula Cordeiro.


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De acordo com ela, é muito importante que as pessoas se abram para compreender os transtornos emocionais. No entanto, quem está com pensamentos suicidas precisa de cuidados específicos. "Não há nenhum problema em se dispor a ajudar, a acompanhar, estar do lado, mas deve-se sempre encaminhar a pessoa para profissionais especializados. Existe o risco de quem se abre pra acolher não saiba exatamente como agir, ou de certa forma até intensifique alguns pensamentos ruins (sem perceber). A carga emocional de falar com alguém que está com ideação suicida é muito grande e se não for cuidado por um profissional, teremos então duas pessoas precisando de ajuda", ressalta a psicóloga.


Nesta quarta-feira (26), o Portal Bonde publica a terceira matéria sobre o assunto, como funciona a intervenção do Corpo de Bombeiros. A primeira reportagem trata sobre as discussões responsáveis sobre o suicídio, para ler a matéria completa clique aqui.

(* Sob a supervisão de Rafael Fantin)


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