Tanto as famílias de baixa quanto de alta renda alimentam-se mal, segundo Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) que baseou a proposta do Ministério da Saúde de criar uma campanha pelo consumo de alimentos saudáveis. A pesquisa relatou que a alimentação das duas classes inclui, muitas vezes, alimentos ricos em açúcar, gordura e sal, como os refrigerantes, doces e uma série de guloseimas, que têm um valor econômico mais baixo. "De diferentes formas, os dois extratos econômicos têm se alimentado mal", apontou a assessora técnica da Coordenação Geral de Política de Alimentação e Nutrição do ministério, Mariana Pinheiro.
A assessora técnica da Coordenação Geral de Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde revelou que o brasileiro ainda está longe de ter um consumo ideal de alimentos. Em relação a frutas, verduras e legumes, a população tem consumido em média 130 gramas por dia. "O ideal é que ela tenha como consumo-meta 400 gramas desses alimentos durante o dia. Então, existe uma grande distância entre a recomendação e o que é efetivamente consumido", avaliou.
Pinheiro afirmou que as frutas, legumes e verduras são fontes de vitaminas, fibras e minerais. As fibras, em especial, previnem a questão da constipação intestinal e doenças relacionadas ao aparelho digestivo. Já o prato tradicional (feijão e arroz) é uma mistura considerada completa do ponto-de-vista nutricional "porque alguns amioácidos que o arroz tem o feijão não tem, e vice-versa". Com relação também à quantidade de proteínas, a mistura é considerada bastante satisfatória, na medida em que o feijão é uma proteína vegetal que é complementada pelo arroz, que é um tipo de cereal. "A dosagem, do ponto-de-vista calórico, é bem interessante, mas precisa ser complementada com vegetais", indicou a especialista.
Mariana Pinheiro informou que o Brasil tem enfrentado um fenômeno denominado transição nutricional, em que coexiste ao mesmo tempo a questão da desnutrição com o problema do sobrepeso e obesidade. Isso acontece tanto nos países desenvolvidos como aqueles em desenvolvimento. O Brasil não está melhor ou pior nesse quadro em comparação a outras nações. Pinheiro advertiu, entretanto, que esse é um processo que tem acontecido de maneira mais rápida no Brasil em relação ao estado nutricional de outras populações.
Segundo a especialista, não é só o pão comido em demasia que pode provocar obesidade nas pessoas. Outros alimentos, ricos em açúcares, sal e gordura, associados a uma prática reduzida de atividades físicas e diminuição do gasto de energia ao longo do dia, podem levar a um excesso de peso que, ao longo dos anos, pode resultar em um quadro de obesidade, que hoje é considerado uma doença. (Agência Brasil)