Cientistas italianos afirmam ter desenvolvido uma pílula que se expande no estômago e dá a sensação de fome saciada às pessoas que desejam fazer dieta. Segundo os pesquisadores, a sensação é a mesma que se tem após comer um prato de macarrão e pode ajudar na batalha contra a obesidade.
A pílula é feita com um hidrogel (gel feito à base de água) desenvolvido pela equipe quando, em uma pesquisa anterior, realizava testes para obter forros de fraldas mais absorventes.
Luigi Ambrosio, que chefiou o estudo do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália, imaginou, durante o desenvolvimento do hidrogel, que ele poderia ter um efeito semelhante à cirurgia para a redução do estômago.
A minúscula pílula tem a consistência de pó quando seca, mas, ao ser engolida com um copo de água, transforma-se em uma "bola de gelatina" no estômago.
O produto é feito de celulose, uma fibra resistente à digestão e que, portanto, permanece no estômago mais tempo e provoca a sensação de saciedade.
Pequenas porções
Até agora, o medicamento foi testado em 20 pessoas, mas especialistas alertaram que serão necessários mais testes para confirmar a segurança do produto.
A pílula, que ainda não recebeu um nome, está sendo testada em mais 90 voluntários obesos, que serão monitorados para verificar quantos quilos vão perder e se há algum efeito colateral.
"Esperamos obter os resultados em outubro e tentaremos lançar a pílula em maio de 2008", diz Ambrosio.
O pesquisador afirma que a pílula deve ser tomada de 30 minutos a uma hora antes de cada refeição. Uma vez no estômago, ela leva de cinco a seis horas para passar pelo sistema digestivo.
"Um dos pesquisadores tomou a pílula por volta das 11h da manhã e ficou 'satisfeito' até às 18h", diz Ambrosio.
Ainda segundo o professor, seria possível fazer refeições sob o efeito da pílula, mas em pequenas porções.
Paul Hatton, líder do grupo de pesquisa de biomateriais da Universidade de Sheffield disse que a idéia foi "intuitiva".
"Há várias formas de produzir hidrogel de forma segura, como os que são usados em próteses e outros medicamentos", afirmou Hatton. "O princípio (do uso do gel) é possível, mas serão necessários vários testes para garantir a segurança da pílula."