Saúde & Ambiente

Congresso de infectologia reúne 2 mil médicos em Curitiba

24 out 2007 às 18:16

O XV Congresso Nacional de Infectologia, que aconteceu de 20 a 23 de outubro, no Estação Embratel Convention Center em Curitiba, abordou entre outros temas, as novidades em medicamentos e tratamentos de pacientes com HIV. O Congresso anunciou ainda, as novas regras do Comitê Assessor do Ministério da Saúde para os procedimentos em relação à doença para o próximo ano.

Mais de 2 mil especialistas participaram, nos quatro dias de evento, de 10 cursos, 36 mesas-redondas, 12 mini-conferências, seis conferências, 12 sessões interativas e 12 simpósios-satélites com os principais players da indústria farmacêutica mundial. O Comitê Assessor do Ministério da Saúde encerrou o congresso nesta terça-feira (23) com as recomendações válidas para 2008.


Aids infantil e adolescente


A médica italiana Alessandra Viganó comandou uma das mais concorridas conferências, em que apresentou os resultados de uma pesquisa com 32 crianças e adolescentes infectados pelo vírus, submetidos a um longo tratamento. A pesquisa comprovou as observações iniciais de alterações hormonais, nutricionais e lipodistrofia nestes pacientes. A principal preocupação da médica foi com relação ao risco desses pacientes desenvolverem osteoporose, pois é na infância e na adolescência que a massa óssea é consolidada.


A médica Marinella Della Negra discutiu os desafios do tratamento do adolescente infectado. Segundo ela, a contaminação pode acontecer verticalmente (contraída da mãe) ou horizontalmente (por relação sexual, uso de drogas injetáveis ou hemofilia). No primeiro caso, é comum o paciente apresentar resistência ao uso dos medicamentos, por uma série de motivos. O uso prolongado é um deles, mas a negativa da doença é muito comum e acaba sendo responsável por um paciente indisciplinado.


"Esses adolescentes sofrem com o preconceito, têm baixa-estima e falta de perspectivas, e não se identificam com os demais devido às alterações físicas que a doença provoca", explica. Outra grande dificuldade é a inserção desse jovem na sociedade, no mercado de trabalho e na vida adulta, principalmente nas relações amorosas e sexuais.


Aids em idosos


Um estudo comparativo entre pacientes HIV com mais de 55 anos de idade, apresentado pela infectologista Paula Tuma, alertou para o atraso no diagnóstico. Este diagnóstico, muitas vezes é retardado por alguns sintomas da doença estarem diretamente relacionados a outras doenças da idade (fadiga, perda de peso e alterações de memória). Segundo ela, a solicitação da sorologia deveria ser procedimento rotineiro para a população de todas as idades.


Alguns estudos mostram que indivíduos mais velhos podem mostrar quadros mais graves, pois a idade colaborar para a progressão da doença. "Sabe-se que na terceira idade há um declínio natural dos mecanismos de defesa imunológicos, paralelamente ao estabelecimento de diversas doenças degenerativas, torna-se necessário conhecer essa população e avaliar se ela se comporta clinicamente de forma diferente dos demais grupos etários", ressaltou.


A aids e a mulher


Os médicos Rosana Del Bianco, Jorge Senise e Waldemar Pereira Carvalho comandaram uma mesa redonda que tratou das mulheres. É consenso que a mulher infectada apresenta duas vezes mais depressão que os homens contaminados, o que dificulta sua adesão ao tratamento. As diferenças físicas e metabólicas da mulher traz efeitos e exige medicamentos distintos. Por exemplo, quando morrem, as mulheres apresentam uma quantidade de células virais quatro vezes superior aos homens. O índice de osteoropose e osteoponia é três vezes maior em mulheres com HIV positivo.


A doença no Brasil hoje


O Comitê Assessor do Ministério da Saúde estima que atualmente há no Brasil 597.443 infectadas. Até o final de junho de 2006, haviam sido notificados 433.067 casos da doença. Hoje, 180 mil pessoas estão sendo tratadas no País, que já registrou 160.933 mortes pela doença desde o surgimento do primeiro caso. Esse número significa cerca de 11 mil mortes por ano.


A sobrevida dos pacientes infectados aumentou 12 vezes em cinco anos, passando da média de cinco para 58 meses. Neste período, houve também uma redução na taxa de mortalidade. Em 2002, de cada cem pacientes, sete morriam por ano. Este número caiu para 1,3 ao ano.


Orientação para médicos - O Comitê produziu um documento - apresentado durante o Congresso - que norteia o tratamento a partir do novo perfil da doença. Este documento trata da metodologia de análise do quadro clínico; da Síndrome Retroviral Aguda e História Natural da Doença; do diagnóstico laboratorial da infecção do HIV, da abordagem clínica e laboratorial inicial do adulto infectado pelo HIV; da importância da adesão ao tratamento; dos critérios de início de terapia e seguimento a curto prazo; a escolha do esquema inicial; no caso de falha ao tratamento, indica o manejo da resistência e terapia de resgate, da condução da toxicidade do tratamento; das interações entre anti-retrovirais, com outros medicamentos, fitoterápicos, álcool e drogas recreacionais, do manejo de co-morbidades e co-infecções mais comuns e, por fim, da profilaxia de infecções oportunistas.

Segundo a conferência, as co-infecções mais comuns são de HIV e Hepatite B e C, HIV/TB, Síndrome inflamatória da reconstituição imune (SRI ou IRIS) ou reação paradoxal, HIV/HTLV I-II, Doença de Chagas, Leishmaniose Visceral e tegumentar. Já as neoplasias mais freqüentes são SK, colo uterino, carcinoma anal e linfomas.


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