Saúde & Ambiente

Chocolate faz bem só em pequena quantidade

26 mar 2007 às 09:54

Na Páscoa, época de maior apelo para consumo de chocolate, fica difícil resistir a essa delícia. O chocolate traz benefícios à saúde, mas também pode causar alguns males. Equilibrar a balança do que é positivo com o que é negativo é um complicado jogo de moderação.

A composição do chocolate é basicamente cacau, gordura e açúcar. O cacau, segundo a nutricionista Clísia Mara Carreira, professora do departamento de ciências farmacêuticas da Universidade Estadual de Londrina (UEL), é rico numa substância chamada flavonóide, a mesma presente no vinho. Essa substância é anti-oxidante, e combate os radicais livres presentes no organismo.


Tudo isso causa dois efeitos importantes para a saúde - o benefício cardiovascular, com a diminuição da formação de placas de gordura na artéria, e o efeito vascular, com a melhora da circulação e oxigenação cerebral. ''Esse efeito é especialmente importante para quem tem pressão alta, para evitar acidente vascular cerebral (AVC)'', explica a nutricionista, ressaltando que apesar dos estudos científicos ainda não serem conclusivos, esses efeitos tem repercussão principalmente entre a população idosa.


O chocolate ainda tem substâncias capazes de ativar a serotonina, neurotransmissor responsável pelo humor e sensações de bem-estar e saciedade. ''É por isso que o chocolate 'acalma'', ressalta. E é por isso também que o alimento, assim como o açúcar, é bastante procurado pelas mulheres no período pré-menstrual, quando pode haver um déficit de serotonina no organismo.


O único problema é que, apesar dos benefícios, o chocolate também é bastante calórico por causa do açúcar e da gordura presente no alimento. O chocolate ao leite, por exemplo, tem 568 calorias (kcal) em 100 gramas, e o chocolate amargo, 544 calorias (kcal).


A nutricionista lembra que evitar consumo em excesso de gordura e açúcar, principalmente na infância, evita males como a obesidade infantil e as cáries. ''O chocolate tem benefícios, mas ao mesmo tempo é preciso controlar o consumo'', avalia.


A Organização Mundial de Saúde (OMS) não estabelece uma quantidade máxima permitida de chocolate a ser ingerida por dia, mas alguns especialistas trabalham com a quantia de 50 gramas. Essa quantidade de chocolate é recomendada por nutricionistas como o máximo tolerado por dia para que se possa usufruir dos efeitos benéficos do alimento, sem recair na obesidade.


Clísia explica que mesmo assim é preciso escolher bem o chocolate que se come e ficar atento aos rótulos. As melhores escolhas são aqueles chocolates ''puros'', sem recheios ou castanhas, para evitar acréscimo de gordura. ''Mas se for escolher entre um com castanha e outro com crocante, que é açúcar puro, o de castanha é melhor'', afirma.


Nos rótulos também é possível ver a quantidade de gordura saturada (animal) e se há gordura trans, que, dependendo do processo de fabricação, pode estar presente. ''A quantidade máxima de gordura por dia deve ser de até 30% do total de calorias ingeridas, e desses apenas 10% pode ser gordura saturada'', alerta.


Apesar da diferença calórica do chocolate ao leite e do amargo ser pequena, o último continua sendo a melhor escolha, já que tem maior quantidade de flavonóides e traz mais benefícios à saúde.


Confira as quantidade de calorias e gorduras de alguns chocolates famosos. Os valores entre parênteses correspondem a versão não diet dos produtos.


Fabricante/Tipo
Calorias em 25g
Gorduras Totais (g) em 25g
Gordura Saturada(g) em 25g


Nestlé – Alpino
123 (130)
8,9 (7,1)
5,3 (4,1)


Nestlé – Galak
138 (138)
8,5 (8,4)
5,0 (5,1)


Lacta – AoLeite
118 (130)
8,3 (7,0)
5,1 (4,2)


Garoto – Talento
128 (136)
10,0 (8,1)
4,6 (4,3)


Colombas Pascais


Outro produto muito consumido na Páscoa é a colomba pascal. E engana-se quem pensa que elas são menos calóricas que os chocolates. Com uma média de 200 a 250 calorias por uma fatia de 60g, essas iguarias contêm uma quantidade enorme de gordura saturada, e o que é pior, de gordura trans hidrogenada, o que já contra-indica seu consumo, mesmo em pequenas quantidades.


Bacalhau


Outro produto da época é o bacalhau, opção de muitas famílias no almoço da Sexta-Feira Santa. O peixe é rico em vitamina B1, vitamina D, sódio, magnésio, proteínas, além de ácidos graxos ômega 3 e ômega 6 que são grandes aliados na prevenção de doenças cardiovasculares, as gorduras benéficas que não aumentam o colesterol sangüíneo.


Segundo a nutricionista Amanda Epifanio, do Centro Integrado de Terapia Nutricional, a tradicional receita de bacalhau com bacalhau com batatas, cebola, pimentão, alho, tomate e azeite é a mais saudável. Recomenda-se evitar as variações com leite de côco, creme de leite, manteiga, queijos e ovos, que aumentam muito o valor calórico, o teor de gordura saturada e o colesterol.

Com informações de Chiara Papali - Folha de Londrina


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