Nutrição

Suco de fruta pode contribuir com a obesidade infantil

03 set 2012 às 12:45

Você sempre ouviu falar que os sucos de fruta natural são os mais saudáveis. E realmente são. O problema, como tudo na vida, está no consumo excessivo. Há provas científicas recentes de que o consumo excessivo de sucos de fruta está associado com a síndrome metabólica (pressão alta, acúmulo de gordura abdnominal, glicemia), lesão hepática e obesidade em crianças. A explicação é que os sucos possuem alto teor de açúcar (sacarose) sem que tenham a quantidade necessária de fibras, que normalmente são eliminadas no processamento.

Por isso torna-se importante que os pais e cuidadores saibam em que situações os sucos de fruta podem ser oferecidos às crianças e quando o seu consumo deve ser restrito. A seguir a nutricionista Rafaela Nunes, especialista em nutrição materno-infantil do Sistema de Saúde Mãe de Deus, dá detalhes sobre esta recomendação. Anote aí:


Os sucos de fruta são sempre saudáveis para as crianças?


Não necessariamente. O importante é que os pais saibam fazer a escolha do suco, horário e quantidade corretos para seu filho. Um suco de fruta natural pode ser, sim, saudável, desde que esteja bem alocado na alimentação da criança.


Quando os sucos de fruta devem receber restrição na alimentação infantil?


Uma criança com estado nutricional esperado à sua idade, com bons hábitos alimentares, não tem a necessidade de exclusão. Para uma criança com hábitos alimentares que necessitem de intervenção e manejo nutricional, por exemplo, a obesidade, a inserção do suco de frutas deve ser muito bem adequad a em volume e com avaliação do benefício do consumo. Devemos ter sempre em mente que uma criança tem a capacidade gástrica menor que a de um adulto e, portanto, esta deve ser muito bem aproveitada, com a oferta de nutrientes que farão a diferença no equilíbrio alimentar da criança.


O suco de fruta não pode ser apontado como vilão em termos de alimentação saudável. Existem inúmeros erros alimentares, que são continuadamente perpetuados pelas famílias, e pela sociedade em geral, que acarretam problemas na oferta de nutrientes. O conjunto todo de hábitos ao qual a criança é exposta é que deve ser repensado. Vale sinalizar a questão referente à mídia e propagandas de alimentação infantil. O estímulo visual e auditivo a que a criança é exposta, estará em sua mente na hora das esc olhas alimentares.


O que as crianças devem preferencialmente ingerir de líquidos durante as refeições?


A criança deverá fazer sua hidratação ao longo de todo o dia. A fonte principal dessa hidratação é, sem dúvida nenhuma, a água. O consumo de líquidos durante as refeições não é aconselhável pela capacidade gástrica reduzida infantil e pelo foco principal do mom ento da refeição ser a comida e a oferta de nutrientes própria para o momento.


A criança está numa fase de descobertas, tanto alimentares (preferências de paladar, das rotinas, das texturas, etc.) quanto de hábitos familiares (fazer a refeição sozinha ou acompanhada, com ou sem televisão, etc.), sendo, portanto, um momento de suma importância.


Vale lembrar que, por ser um momento de tantas descobertas, é também um momento de fácil distração. É muito importante que, na hora da refeição, os pais ou cuidadores façam as refeições juntamente com as crianças (sempre que possível), repassando hábitos alimentares e da própria família, evitando qualquer distração extra, como a televisão, e deixem o consumo dos líquidos para o final da refeição (água ou suco de fruta natural). O foco da criança deve estar por inteiro nos sabores, na refeição em si, e não na bebida ou na televisão.


As crianças podem ingerir refrigerantes ditos como "zero"?


A principal questão referente aos refrigerantes "zero" é o consumo de adoçantes de forma precoce. Sabemos que o consumo de refrigerantes não faz parte das recomendações de alimentação saudável, a nenhum indivíduo, independentemente da idade. Quando falamos de criança, devemos ter is so em mente de forma mais forte. O refrigerante por si só é uma bebida que deve ser utilizada de forma bem restrita, não devendo fazer parte da rotina. Quando, em determinados momentos, essa for a escolha e acriança não tiver problemas com a metabolização de carboidratos (por exemplo, diabete mellitus) a opção deve ser feita pelo refrigerante comum.


Como incentivar as crianças a ingerirem mais frutas?


Como já mencionamos, a criança é um reflexo do ambiente a qual ela está exposta. Em primeiro lugar, o hábito da família deverá ser o exemplo saudável. De nada adianta os pais não darem exemplos saudáveis e quererem que estes façam parte da vida dos seus filhos. O exemplo vem do consumo da família, da oferta à criança, do exemplo dos pais e dos cuidadores. Na escola, o exemplo e a oferta dos alimentos é influenciada pelos colegas, mas o principal eixo, a base de formação alimentar da criança, vem de casa. Os pais querem ensinar aos filhos como se portar, quando e como devem executar tarefas, e a alimentação também fará parte desse legado. Quando a criança está exposta a um exemplo, tentará repetir para fazer parte do clã família.


Em segundo lugar, vale salientar que existem políticas públicas de auxílio à alimentação saudável, como o Programa "5 ao Dia" e a Estratégia Global de Alimentação, Atividade Física e Saúde, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que tem como objetivo promover a saúde e prevenir a obesidade e de outras doenças crônicas ligadas à alimentação.


Entre as recomendações da Estratégia Global, o incentivo ao consumo de frutas, verduras e legumes (FLV) tem sido priorizado, pois o aumento do consumo desses alimentos diminui o consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares, e fornece vitaminas, minerais e fibras, contribuindo para a regulação do peso corporal.

Já o Programa "5 ao Dia" , criado em 1991, nos Estados Unidos, é uma realidade em mais de 30 países, dentre eles, o Brasil, e tem o objetivo de incentivar o consumo diário de pelo menos cinco porções de frutas, verduras e legumes. A tabela ilustrativa proposta, que traz a distribuição dos alimentos em cinco colunas de cores diferenciadas, torna-se uma ferramenta lúdica e divertida para estimular as crianças a esse consumo saudável. A distribuição das cores varia conforme a oferta de nutrientes dos alimentos.


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