Elas vêm causando um verdadeiro frenesi nos empórios e casas de produtos naturais. Apesar do seu alto custo, as pessoas não economizam quando o negócio promete milagres. Assim, linhaça, quinoa e, mais recentemente, a chia assumiram status de vedete nos pratos requintados dos restaurantes e nas mesas das pessoas que investem em uma alimentação saudável.
Ricas em fibras, proteínas, micronutrientes e fontes de gorduras do bem, as sementinhas famosas prometem conciliar o emagrecimento com redução dos níveis de colesterol e combater o diabetes. Mas será que elas têm todo esse poder?
Analisando individualmente, a chia é mesmo muito rica em fibras e isso faz muita diferença na composição de uma dieta que tem por objetivo a perda de peso. Apesar disso, essa diferença depende muito mais da composição da dieta como um todo do que de um único ingrediente. Para entendermos como isso é relativo, basta saber que uma colher de sopa de chia contem apenas 0,3g de fibras e uma dieta saudável deve conter de 25 a 30g de fibras por dia.
A linhaça, apesar de haver perdido o posto de ingrediente maior nos cardápios saudáveis para a chia, ainda tem adeptos fervorosos, e não é para menos. É altamente eficiente no tratamento dos problemas intestinais relacionados à prisão de ventre. Infelizmente, sozinha, não consegue ser útil nas dietas para emagrecer e não tem a capacidade de reduzir colesterol, como se acreditava antes.
A quinoa, por ser rica em carboidratos, obriga a suspensão de outras fontes do mesmo nutriente. Assim, quando ingerida no café da manhã, ela deve substituir os pães e nas refeições como almoço e jantar, obriga a redução do arroz ou de qualquer outra fonte de carboidratos.
Algo também especial dessas sementinhas são suas gorduras. Sabidamente saudáveis. Mas nem isso justifica a febre de consumo de um único alimento. Nenhum deles isoladamente tem tantos benefícios como apregoados para elas. Quando utilizadas na culinária como um ingrediente saboroso e saudável, muito compreensível. Quando adquirem erroneamente o status de remédio, fazem com que as pessoas esqueçam que os benefícios então na composição da dieta como um todo e não em um único alimento.
*Por Ellen Simone de Paiva, endocrinologista e diretora do Citen - Centro Integrado de Terapia Nutricional.