Durante as últimas duas décadas a incidência de obesidade infantil tem crescido rapidamente em todo o mundo, tornando-se um problema de saúde pública. Mais do que os problemas de saúde verificados durante o período em que o indivíduo apresenta o quadro de sobrepeso, a má alimentação na primeira infância também dá início a processos de doenças na adolescência e na vida adulta. O tema foi um dos destaques da 68ª edição do Curso Nestlé de Atualização em Pediatria, realizada na última semana em Curitiba.
"A obesidade, especialmente quando já presente na infância, é um gatilho para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis", afirma a professora de Pediatria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Elza Daniel de Mello, palestrante do curso.
Com relação às complicações clínicas, a obesidade infantil aumenta as chances do desenvolvimento, ainda na adolescência, de problemas sérios como diabetes, hipertensão, depressão, problemas respiratórios, entre outros. No trato psicossocial, o excesso de peso tem impacto imediato na aparência e autoestima das crianças e adolescentes. "O ato de alimentar-se tem um papel social tão importante quanto nutricional", prossegue a pediatra.
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Para combater problemas na vida adulta relacionados à obesidade infantil, médicos pediatras aconselham uma abordagem preventiva, adotando uma alimentação balanceada nos primeiros anos de vida a fim de evitar o sobrepeso da criança. "A formação dos hábitos alimentares é resultado do processo biopsicológico, tecnológico, econômico, demográfico e, predominantemente, ambiental", acrescenta Elza.
A mudança de rotina alimentar deve englobar fundamentalmente uma alteração de valores familiares e aquisição de conhecimentos. "O gasto de calorias em atividades diárias e o metabolismo em repouso influenciam na obesidade. O sedentarismo contribui para a diminuição do gasto calórico diário", aponta a professora. "Entre as sugestões para o controle de peso estão a prática de exercícios, ter horários para as refeições, não comer assistindo TV e modificar o costume de comemorar situações especiais comendo", completa.
Se a família já tem uma tendência à obesidade, cuidar desde o início da alimentação pode fazer toda a diferença. "Até os 12 anos de idade, 80% da responsabilidade pela alimentação dos filhos é dos pais. Mesmo aos 18, esta influência ainda é relevante, 20%", finaliza da pediatra. Não insistir para que a criança `raspe´ o prato, não oferecer porções fartas, evitar a sobremesa, saciar a sede com água e não sucos e chás são atitudes que contribuem para a aquisição de um comportamento alimentar adequado. Por fim, é preciso deixar de lado alimentos com maior concentração de calorias.