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Mito ou realidade: vinho tinto faz bem à saúde?

BBC Brasil
10 set 2013 às 14:44

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- Divulgação
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Há alguns anos se divulga que uma dose moderada de vinho tinto todos os dias faz bem à saúde. Não só para combater o câncer, mas também para reduzir o colesterol e evitar coágulos nos vasos sanguíneos.

Mas estudos recentes questionam as evidências destes benefícios e apontam que eles podem estar restritos a vinhos caseiros ou fabricados seguindo um modo de produção tradicional.

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Embora os cientistas concordem que o consumo moderado de vinho tinto possa ajudar a proteger o coração, reduzir o colesterol "ruim" e prevenir o entupimento das veias e artérias, há divergências sobre o que está por trás desses benefícios.

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Recentemente, um grupo de cientistas tentou descobrir por que o vinho tinto caseiro feito no Uruguai é tão saudável e chegou a sequenciar o código genético da uva Tannat, usado na produção do vinho.

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Os especialistas identificaram uma alta quantidade de procianidina, uma classe de flavonoide, compostos químicos encontrados em frutas, vegetais, chás, cereais, cacau e soja com benefícios antioxidantes e para prevenção ao câncer que vêm sendo estudados há anos.


Roger Corder, professor de terapias experimentais da Universidade Queen Mary, de Londres, é autor do livro The Red Wine Diet (A Dieta do Vinho Tinto, em tradução livre) e esteve por trás do estudo que pesquisou o vinho tinto uruguaio.

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Ele confirma que a uva Tannat contém um nível três ou quatro vezes maior de procianidinas do que a uva Cabernet Sauvignon.


O pesquisador diz que estes compostos, aliados aos taninos (que combatem o envelhecimento das células e também são encontrados no vinho) seriam os grandes responsáveis pelos efeitos positivos do vinho tinto sobre a saúde.

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Resveratrol


Outros cientistas apontam para o papel do resveratrol, um composto encontrado na casca das uvas vermelhas.

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Saudado durante muitos anos como uma espécie de substância milagrosa, o resveratrol é um composto que, segundo os cientistas, poderia retardar o envelhecimento e combater o câncer e a obesidade.


Até o momento, estudos feitos em laboratório revelaram resultados animadores em testes com camundongos, mas ainda não foram encontradas evidências sobre a eficiência do composto em humanos.

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Na Universidade de Leicester, na Inglaterra, testes com ratos indicaram que dois copos de vinho por dia podem reduzir a incidência de tumores nos intestinos - e o cientistas estudam maneiras de desenvolver o resveratrol como um composto isolado, para ser ingerido individualmente como uma droga para prevenir o câncer.


Entretanto, para Roger Corder, da Universidade Queen Mary, de Londres, há pouca evidência sobre a importância do resveratrol.

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"É um mito que o resveratrol tenha qualquer coisa a ver com os benefícios do vinho tinto à saúde. A maioria dos vinhos tintos contém quantidades insignificantes de resveratrol e aqueles que possuem um pouco não contêm o suficiente para fazer qualquer efeito", diz.


Ele diz que são as sementes, e não a casca da uva, que contêm o segredo do vinho tinto.


Quando as uvas são fermentadas por diversas semanas ou mais, as sementes podem liberar flavonoides que evoluem como moléculas mais complexas.


Mas a má notícia é que isso não acontece com todos os vinhos, diz o cientista, sugerindo que os grandes benefícios da bebida podem ser restritos a um modo de produção mais tradicional – semelhante ao vinho tinto caseiro uruguaio.


"A maior parte dos vinhos modernos não usa esta técnica durante a fabricação", afirma o cientista, reforçando a necessidade do consumo moderado.


"É muito difícil dizer que o vinho é uma bebida saudável quando as pessoas consomem muito álcool, na hora errado do dia e sem comer".


Câncer


Para Emma Smith, do Cancer Research UK, centro britânico de pesquisas para o câncer, é um erro tomar vinho tinto achando que isto fará bem à saúde.


"O vinho tinto contém uma quantidade muito pequena de resveratrol e as pessoas não deveriam beber vinho com a intenção de obter benefícios para a saúde", diz.


Ela ressalta que tradicionalmente o álcool tem uma ligação negativa com o câncer.

"É importante relembrar que, mesmo em quantias moderadas, o álcool aumenta o risco de vários tipos de câncer e estima-se que seja a causa de cerca de 12.500 casos de câncer na Grã-Bretanha todos os anos".


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