Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o brasileiro consome 50% a mais de açúcar do que o limite considerado saudável. A indicação da entidade é de até 50 gramas do produto diariamente, porém, a média do Brasil chega a 150 gramas. Segundo o nutrólogo, endocrinologista e especialista em fisiologia do exercício Mohamad Barakat, essa discrepância pode trazer efeitos nocivos.
"O consumo de açúcar em excesso vai além de problemas com o peso e obesidade. Ele está ligado a diabetes, alguns tipos de câncer e até doenças crônicas como hipertensão, mesmo em pessoas que estão em dia com a balança", comenta.
Inimigo escondido
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O especialista explica que parte da culpa por esse descontrole está na dificuldade de computar o consumo de açúcar no cotidiano. A quantidade indicada pela OMS corresponde a uma média de 12 colheres de chá, mas nem sempre é fácil medir o quanto ingerimos.
"O açúcar está presente em muitos alimentos, grande parte das vezes em alta concentração, o que torna um controle efetivo muito difícil. Uma única lata de refrigerante, por exemplo, pode trazer 33 gramas, mais da metade do consumo indicado", conta Dr. Barakat.
Efeitos no corpo
Os malefícios do açúcar em nosso organismo estão associados ao excesso de glicose. O corpo utiliza esse carboidrato para estocar energia na forma de gordura de maneira eficiente, indispensável para seu funcionamento. Os problemas começam quando essa gordura se acumula no organismo e causa doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial, entre outras.
O açúcar produzido no Brasil tem como matéria-prima a cana, que é moída para a extração do caldo doce. O processo de purificação envolve aquecimento e filtragem para a retirada de impurezas. Esse caldo é evaporado e vira um xarope que, quando cozido, forma os cristais de açúcar que conhecemos. Para chegar ao aspecto branco que conhecemos, o refinamento adiciona uma série de tratamentos químicos.
Como resultado, o açúcar refinado consumido no Brasil não contém nenhum nutriente, levando-o a ser digerido instantaneamente pelo organismo, o que eleva os níveis glicêmicos rapidamente e facilita o acúmulo de gordura.
"Nosso pâncreas também acaba secretando em excesso a insulina, hormônio responsável por transferir a glicose para o interior das células. Esse pico de insulina baixa a glicose rápido demais, abrindo o apetite e fazendo com que a pessoa coma novamente, em uma espécie de ciclo prejudicial", diz.
Procurando um substituto
A boa notícia é que existem opções mais saudáveis para o consumo de açúcar. Dr. Barakat cita como exemplo o agave, xarope extraído de uma planta mexicana, que mesmo mais calórico tem poder adoçante muito maior, sendo então preciso utilizar em porções pequenas.
"Além disso, essa opção possui um índice glicêmico (IG) menor, o que significa que ele é absorvido mais lentamente pelo corpo. Isso impede que nosso organismo enfrente picos de glicose e insulina", explica o nutrólogo.
Outros substitutos possíveis são o açúcar de coco (rico em potássio, ferro, zinco e fósforo e com um IG muito baixo) e a stevia (espécie de planta com poder adoçante 300 vezes maior que o açúcar e sem impacto no IG).
"A regra básica é: quanto mais escuro o açúcar, mais vitaminas e sais minerais ele tem, por estar mais próximo do estado bruto. A cor branca significa que o produto recebeu aditivos químicos em seu processo de fabricação. Apesar da aparência melhor, esses aditivos roubam a maioria dos nutrientes", finaliza.