Todos os dias, no mundo todo, são produzidas enormes quantidades de alimentos, no entanto, a fome mata uma pessoa a cada 3,5 segundos. Segundo o Relatório Mundial Sobre a Fome 2006 da ONU, estima-se que hoje existam 854 milhões de pessoas subnutridas no mundo. O documento revela que 300 milhões de crianças passam fome no planeta e 25 mil pessoas morrem por dia de má nutrição ou doenças associadas ao problema.
Um dos agravantes dessa situação é o alto índice de desperdício de alimentos registrados todos os dias em todo o mundo. Um estudo realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Centro de Agroindústria de Alimentos mostra que o brasileiro joga fora mais do que come. Em hortaliças, por exemplo, o total anual de desperdício é de 37 quilos por habitante.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, nas dez maiores capitais do País, o cidadão consome 35 quilos de alimento por ano, ou seja, dois quilos a menos do que o total que é jogado no lixo. A média de desperdícios no Brasil está entre 30% e 40%. Nos Estados Unidos, esse índice não chega a 10%. Estima-se que em restaurantes, o índice de desperdício chega a 15% e nas casas, a 20%.
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Banco de Alimentos
Na tentativa de mudar esse contexto foi criada a Organização Não-Governamental Banco de Alimentos, que tem como matéria-prima o alimento que iria parar no lixo. É como se a Organização colhesse pela segunda vez esse alimento. Surge então o conceito de "Colheita Urbana". O Banco de Alimentos distribui mantimentos fornecidos pelas empresas doadoras entre instituições beneficentes cadastradas a pessoas assistidas pela ONG.
O Banco de Alimentos funciona de três maneiras distintas e interligadas: fornecendo alimentos e combatendo o desperdício, promovendo ações educativas e profiláticas voltadas às comunidades atendidas e expandindo suas ações e conhecimento para fora das áreas onde existe o problema concreto da fome.
São recolhidas sobras de comercialização, ou seja, tudo o que foi vendido, está em excelente consumo e teria o lixo comum como destino. Essa matéria-prima vem de micro, pequenas, médias e grandes empresas da área de alimentação. Fazem parte de seus parceiros sacolões, hortifrutis, mercados municipais, fabricantes, distribuidores e até agricultores, que doam alimentos direto da terra.
Uma equipe faz a seleção e separação dos alimentos que serão doados e para quais instituições irão. Os alimentos são passados para uma embalagem dos doadores e conferidos novamente para checar se existe algo que não está em condições de ser consumido. Os alimentos arrecadados e já embalados são pesados e discriminados em qualidade e quantidade.
A distribuição é feita levando em conta os seguintes aspectos e características da Instituição: número de pessoas atendidas, público atendido, capacidade de armazenamento e preparo de alimentos daquela instituição. A distribuição é feita no período da tarde no mesmo dia em que os alimentos são doados, já que são alimentos altamente perecíveis.
Os beneficiados são pessoas que não são economicamente ativas, ou seja, que não geram renda. São idosos, deficientes físicos e mentais. As crianças atendidas fazem parte de famílias muito pobres e/ou desestruturadas, sendo, muitas delas, abandonadas pelos pais.
Além de oferecer alimentos, a ONG também auxilia as instituições a fazerem o uso adequado destes produtos. Por meio de workshops, palestras, treinamentos e oficinas permanentes, a Instituição ensina a manipular, armazenar e aproveitar integralmente os alimentos, tanto para que não hajam sobras, quanto para que todo seu valor nutricional seja aproveitado.
Para conhecer melhor o Banco de Alimentos acesse www.bancodealimentos.org.br.
Dicas de combate ao desperdício de alimentos
● Os talos de couve, agrião, beterraba, brócolis e salsa, entre outros, contêm fibras e devem ser aproveitados em refogados, no feijão e na sopa.
● As folhas da cenoura são ricas em vitamina A e devem ser aproveitadas para fazer bolinhos, sopas ou picadinhos em saladas. O mesmo pode se dizer das folhas duras da salsa.
● A água do cozimento das batatas acaba concentrando todas as vitaminas. Aproveite-a, juntando leite em pó e manteiga para fazer purê.
● As cascas da batata, depois de bem lavadas, podem ser fritas em óleo quente e servidas como aperitivo.
● A casca da laranja fresca pode ser usada em pratos doces à base de leite, como arroz doce e cremes.
● A parte branca da melancia pode ser usada para fazer doce, que se prepara como o doce de mamão verde.
● Com as cascas das frutas (ex: goiaba, abacaxi, etc), pode-se preparar sucos batendo-as no liquidificador. Este suco pode ser aproveitado para substituir ingredientes líquidos no preparo de bolos.
● Evite consumir folhas com aparência amarelada.
● Cozinhe as verduras a vapor, assim elas não perderão o valor nutritivo.