Mastigar o alimento de um lado da boca, depois do outro, colocar o 'bolo' pastoso que se forma em cima da língua e empurrá-lo para dentro. É assim que deve ser uma mastigação bem-feita, e é isso que vai garantir rápida absorção de nutrientes e facilitar o emagrecimento. Como melhorar o estilo de vida através dessa prática é tema do livro ''Mastigação, Um Poderoso Aliado da Dietoterapia'', da Editora Ottoni. A obra, com abordagem de fácil leitura trazendo ao mesmo tempo dicas de como mastigar corretamente, é de autoria do médico nutrólogo Cláudio Barbosa, da Lapa, no litoral do Estado.
A dietoterapia, explica o médico, nada mais é que um tratamento de revisão do estilo de vida, o que inclui reeducação alimentar e atividade física. ''É uma abordagem da nutrologia mais completa, usada para melhorar a saúde como um todo e tratar a doença'', diz. E a mastigação entra como um aliado para essa conquista de bons hábitos. ''Todo mundo sabe que tem que mastigar, mas como fazê-lo, com essa 'vida corrida', é a grande discussão. É impossível evitar doenças relacionadas à má alimentação, como a obesidade, sem levar em conta a mastigação'', aponta.
Segundo o autor, para aprender a mastigar corretamente, o ideal é começar mastigando os alimentos cerca de 40 vezes, transformando-os em algo pastoso ou líquido. ''Mas, isso é feito só no treinamento. Depois que a pessoa adquire o hábito não precisa ficar aquela coisa 'neurótica' de ficar contando. Os alimentos sólidos devem ser mastigados o suficiente para que a mistura com a saliva possibilite a deglutição'', explica.
Feita assim, a mastigação desencadeia uma série de sinais que vão até o centro da fome no hipotálamo, que vai avisar que a fome foi saciada e que não é preciso comer mais. Por isso, uma das consequências da boa mastigação é facilitar o emagrecimento. ''A sensação de saciedade é obtida ao comermos lentamente. Quando a pessoa se alimenta de forma mais lenta, sentada em um local confortável, percebendo a cor e o cheiro da refeição, passa a comer com prazer e não de forma voraz'', ressalta.
Outro benefício da mastigação feita da forma correta é evitar a sobrecarga do sistema digestivo, já que digestão começa pela boca. Na infância, ingerir alimentos que demandam mastigação é importante até para o desenvolvimento da No livro, o autor faz uma revisão do tema tratado também em outros países e em outras áreas, como a odontologia e a fonaudiologia.
De olho na consistência
Segundo o médico nutrólogo Cláudio Barbosa, não é preciso abrir mão das delícias da atual gastronomia, mas é preciso, sim, repensar as escolhas levando em conta a consistência e a densidade calórica dos alimentos.
Os alimentos pastosos, segundo ele, não existiram na alimentação humana por milhares de anos, mas hoje estão presentes em cremes, molhos, recheios, sorvetes, vitaminas e em tantos outros. Nessas preparações, que praticamente não demandam mastigação, a quantidade de calorias é muito maior se comparado com o mesmo peso em gramas do alimento in natura. ''Esse é o conceito de densidade calórica - caloria concentrada no alimento'', explica.
Nosso sistema digestivo, forma da arcada dentária e tamanho do intestino, aponta o médico, ''mostram de forma clara que não se pode comer tanto, tão pastoso e tão açucarado''. ''Não fomos feito para comer tanto, tão rápido e sermos tão sedentários. Se continuarmos assim, a obesidade só poderá ser curada com a redução do intestino, de forma que ele absorva menos as calorias e de forma mais lenta'', alerta.
O nutrólogo ressalta que, quanto mais processado o alimento e maior sua densidade calórica, maior o risco de obesidade. ''Não é preciso proibir, mas restringir a ingestão desse tipo de alimento, dentro de uma dieta elaborada por nutrólogo ou nutricionista de forma individualizada'', afirma.