Como entender um mal silencioso? Como acreditar em seu poder de lesar e por a vida em risco? Principalmente, quando não causa dor ou desconforto, não sinaliza com qualquer sintoma que nos faça tomar providências. Não tira o sossego e nos dá a falsa impressão de que está tudo muito bem e sob controle.
Muitas vezes, nós precisamos de dados estatísticos concretos para nos ajudar a entender por que as pessoas adoecem e morrem e quais fatores as protegem. Nos Estados Unidos, a última pesquisa populacional, realizada em 2010, revelou que os valores médios de colesterol no sangue da população americana caíram significativamente na última década e isso coincidiu com uma redução equivalente na mortalidade relacionada às doenças cardiovasculares. Assim, as estatísticas nos ajudam de forma muito criteriosa a tomar condutas preventivas na área médica.
Podemos ter uma dieta saudável e nem por isso ter níveis ideais de colesterol no sangue. Aliás, muitas pessoas que tem as mais altas taxas de colesterol não podem ser culpadas por isso. Não abusam de alimentos ricos em colesterol e muitas tem peso ideal ou pouco acima do ideal. Acontece que o nosso fígado produz colesterol, e muitas vezes, produz excessivamente, traduzindo uma herança genética. Na maioria desses casos, somente os medicamentos específicos podem mudar o curso da doença.
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Na verdade, não é fácil abaixar as taxas do colesterol apenas com dieta. A maior parte dos pacientes com elevação do colesterol no sangue necessita tomar medicamentos para conseguir se adequar aos alvos sabidamente protetores. Nesse contexto, a descoberta dos medicamentos do grupo das estatinas foi o grande passo em nosso arsenal médico para alcançarmos esses alvos. São drogas muito eficazes para nocautear o vilão.
Os alimentos que reduzem o colesterol
Já sabemos quais alimentos veiculam o colesterol e que eles devem ser rigorosamente regulados. Os mais comuns em nosso cardápio são as carnes vermelhas, os queijos, o leite integral e derivados, os embutidos, a manteiga e todos os produtos industrializados que contenham a famigerada gordura saturada e trans. Os ovos, anteriormente tidos como vilões, recentemente foram aprovados em nosso cardápio como alimento saudável.
Estamos agora conhecendo alguns alimentos que tem o potencial de melhorar o perfil das gorduras do sangue. Não se trata apenas de comer menos colesterol na dieta, o fato é que alguns alimentos são conhecidos pelo seu potencial em reduzir o colesterol. Vamos a eles:
Aveia - ela é a mais rica fonte de fibras solúveis dos alimentos. Lembrar que ela deve substituir o carboidrato da refeição. Quando consumida no café da manhã, deverá substituir o tradicional pãozinho. No lanche da tarde, ela pode ainda ter a grande virtude de abolir as bolachas, que estão longe de serem saudáveis.
Alimentos integrais - de uma maneira geral esses alimentos oferecem também fibras solúveis. Esses alimentos podem fazer parte de praticamente todas as refeições, como os pães integrais e o arroz integral.
Frutas como maçã e morango são ricas em pectina, outro tipo de fibras solúveis. Quando consumidas com aveia, o resultado é fantástico.
Grãos - o brasileiro tem nos feijões em geral uma fonte de grande riqueza em fibras. Além do potencial efeito na redução do colesterol, esses alimentos propiciam saciedade, facilitando o controle do peso ideal. Vale lembrar da incoerência de adicionar a esses pratos, alimentos sabidamente ricos em colesterol como as lingüiças e o bacon.
Vegetais e legumes como a berinjela e o quiabo, são importantes fontes de fibras solúveis em nossa dieta.
Castanha do Pará, nozes e amêndoas são também ricas em gorduras protetoras e antioxidantes. Devemos incorporá-las em nosso cardápio com o cuidado de manter pequenas porções, uma vez que são altamente calóricas.
Óleos vegetais como soja, canola, milho e girassol, também oferecem benefícios adicionais através do seu alto conteúdo de gorduras protetoras. Não há vantagens em se cozinhar sem eles. Devemos apenas usar pequenas porções no preparo dos nossos pratos e evitar as frituras.
A soja, embora em menor intensidade do que se divulgou anteriormente, também pode ajudar no combate ao colesterol, pois é rica em fibras e gorduras protetoras.
Peixes gordos como salmão e truta devem fazer parte do cardápio de 2 a 3 vezes por semana. A redução do consumo da carne, quando adicionamos os peixes ao nosso cardápio, é a principal razão do potencial efeito na diminuição do colesterol. Os famosos Omega 3 e 6 diminuem os triglicérides e adicionam benefícios ao consumo destas iguarias.
Esteróis e Estanóis são derivados vegetais que reduzem a absorção do colesterol dos alimentos. A indústria vem utilizando esses componentes na suplementação de seus alimentos e os resultados são comprovadamente benéficos. Esses resultados só podem ser encontrados quando esses compostos são consumidos juntamente com as refeições.
*Por Ellen Simine de Paiva, diretora do Citen - Centro Integrado de Terapia Nutricional (www.citen.com.br)