A época da Páscoa pode se tornar um verdadeiro 'tormento' para os chocólatras. Com ofertas e variedades de produtos pipocando no comércio, fica ainda mais difícil resistir à tentação ou controlar o consumo dessas delícias.
A ciência ainda busca explicações sobre o que faz o chocolate ser um alimento tão irresistível. Algumas razões, como a influência dele na área do cérebro responsável pelo bem-estar, já foram compreendidas, mas outras tantas estão sendo investigadas por estudiosos do mundo inteiro. Um dos fatos que atiçam a curiosidade dos cientistas é que a maior parte das pessoas acha praticamente impossível seguir a velha regra das dietas para o consumo de chocolate: comer apenas um quadradinho depois do almoço.
O empresário Marcos Silveira, de 53 anos, adora chocolate e encontrou um jeito de comer não apenas um pedaço, mas dois somente às sextas-feiras, sábados e domingos. "Você tem que pensar que o primeiro pedaço é o inicial, aquele que mata a vontade. E que o segundo é o último, aquele que deixa um gostinho bom na boca. O que você come entre esses dois não importa", aconselha.
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Outra dica é imitar os provadores de vinho e envolver todos os seus sentidos no ato de degustar o chocolate. Em vez de engolir o alimento rapidamente, experimente apreciar o aroma, a textura e o gosto com calma. "Deixá-lo derreter na boca e não mastigá-lo também ajuda", diz Marcos.
Excessos
Comer chocolate compulsivamente também pode ser uma doença. "A patologia está relacionada à baixa de serotonina, um neurohormônio que tem relação com o controle da saciedade e do prazer, no cérebro", explica a endocrinologista e vice-presidente da Associação Brasileira paro o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Leila Maria Batista Araújo.
Se frequentemente a pessoa perde o controle e embarca na compulsão, a melhor opção, segundo ela, é não ter chocolate por perto. Caso a situação seja muito grave, "pode ser tratada com medicações à base de fluoxetina, sibutramina ou um similar que neutralize esse comer compulsivo", afirma Leila.
A psicóloga Ana Kiyan ressalta que em algumas pessoas o exagero não é só com o chocolate, mas com tudo que dá prazer. Nesses casos, "é necessário desenvolver um processo de autoregulação que, muitas vezes, é conseguido apenas com psicoterapia", orienta.
Passar da medida também faz mal para o organismo. O malefício mais conhecido é o aumento de peso. "O chocolate é rico em açúcar e gorduras, concentrando muitas calorias. Quem come demais e não queima a energia adquirida vai engordar", alerta o endocrinologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Pedro Saddi. O sistema digestivo é outro que sofre com a comilança, já que o chocolate possui substâncias que podem provocar refluxo dos sucos gástricos, ardor, queimação e mal-estar. De acordo com Saddi, exagerar é comer mais de 100 gramas de chocolate por dia.
Benefícios do chocolate amargo
Um estudo da Universidade de Chung Hsing, em Taiwan, provou que os ácidos fenólicos presentes no cacau emagrecem. "Eles interferem na produção da leptina, o hormônio da saciedade - que, nos obesos, é reduzida - e queimam calorias. Sem contar a ajuda extra dos antioxidantes, que previnem o acúmulo de gordura nas células", explica o dermatologista Anderson Zei Damasceno.
Segundo Damasceno, os fitoquímicos do cacau também melhoram a secreção da adiponectina, que têm poder anti-inflamatório, o que poderia reduzir os riscos de diabetes e aterosclerose (alterações nos vasos sanguíneos que levam à obstrução).
A nutricionista Michele Oliveira de Lima acrescenta ainda que pesquisas indicam que ingerir duas barras pequenas (10g cada) de chocolate amargo ao dia podem reduzir a pressão arterial em hipertensos e diminuir os riscos de infartos e derrames. "Mas toda essa riqueza está no chocolate amargo. Quanto mais amargo, melhor", lembra Damasceno. (*Fonte: Minha Vida, Saúde, Alimentação e Bem-estar)