Modelos animais submetidos a uma dieta rica em calorias e gordura ganharam mais peso depois de consumirem produtos com "gordura falsa" – uma gordura sintética desenvolvida para ter o mesmo sabor do produto comum, mas sem as temidas calorias. Este é o resultado de um estudo publicado no periódico Behavioral Neuroscience. Os resultados contrariam a noção de que o uso de substitutos ajuda as pessoas a perder peso. Na verdade, segundo os pesquisadores, o ideal seria que todos aderissem a dietas de baixas calorias.
"Nossa pesquisa mostrou que os substitutos de gordura interferem na capacidade do corpo de regular a ingestão de alimentos, o que pode levar ao uso ineficiente de calorias e ganho de peso", explica a autora do estudo, Susan Swithers, da Universidade de Purdue, nos EUA.
Para chegar aos resultados, Swithers e sua equipe alimentaram um grupo de modelos animais com uma dieta rica em calorias e outro grupo com uma dieta de baixa caloria. Parte da alimentação dos dois grupos era feita com batatas chips normais, com alto teor de gordura e caloria.
A dieta foi mantida por alguns dias. Em seguida, metade dos dois grupos – tanto o da dieta rica em calorias como o da dieta de baixas calorias – continuou comendo as batatas chips normais, mas agora receberam também sua versão light, que nos EUA contém "olestra", uma gordura sintética que mantém o sabor, porém, não contém calorias e não é absorvida pelo organismo.
O grupo que foi mantido na dieta calórica e que comeu tanto a batata normal como a versão light ganhou mais peso e mais gordura corporal do que o grupo que comeu apenas a batata normal.
Na verdade, mesmo quando os pesquisadores pararam de oferecer a batata, os modelos obesos não pararam de ganhar peso extra. Por outro lado, aqueles que foram mantidos em uma dieta de baixa caloria não tiveram ganho significativo de peso, independentemente do tipo de batata que comeram.
Segundo a autora, isto ocorre porque quando os seres humanos ou os modelos experimentam uma comida doce ou gordurosa, o cérebro recebe um sinal de que a comida é rica em calorias. "Mesmo se tratando de um alimento com uma gordura sintética e, portanto, não calórica, o corpo reage da mesma forma como se fosse receber um alimento calórico: a produção de saliva aumenta, assim como a de hormônios e o metabolismo é alterado. As calorias não estão ali, mas houve uma interferência".
Em seu estudo, os autores discutem o princípio de que a regulação da energia é um processo aprendido, que é reforçado cada vez que a antecipação de uma refeição de alto teor calórico (como sinalizou a partir do encontro dos sentidos olfato, visão e paladar) é seguida pelo consumo real de um elevado número de calorias. Quando isto não ocorre, há uma degradação da ligação entre os sinais sensoriais e o entendimento do controle da regulação de energia.
A equipe já havia encontrado resultados semelhantes em um estudo anterior, no qual os modelos animais foram alimentados com sacarina e outros adoçantes artificiais. "Não existe mesmo fórmula mágica para se perder peso. Comer adoçantes ou substitutos de gordura, na verdade, contribui para o sobrepeso e a obesidade", conclui. (Com informações da University of Purdue)