Quando o assunto é alimentação infantil o aleitamento materno é recomendado por todos os órgãos de saúde do mundo, incluindo a Organização Mundial de Saúde (OMS), e não é por acaso. O leite materno tem todos os nutrientes necessários ao bom desenvolvimento da criança, sendo ainda a forma mais fácil e econômica de alimentação do bebê.
Diversas pesquisas indicam que a mortalidade infantil está relacionada com a passagem precoce do aleitamento materno para a introdução dos chamados alimentos complementares, sobretudo em países em desenvolvimento, como o Brasil. Segundo o pediatra titulado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, Sylvio Renan Monteiro de Barros, pesquisadores descobriram que os alimentos complementares reduzem a absorção de nutrientes próprios do leite materno, como o zinco e o ferro. E por isso é recomendado que a introdução de outros alimentos deve ser adiada, pelo menos até o sétimo mês de vida.
Existem casos, porém, em que a mãe não pode amamentar seu bebê e nestas situações, é indicada a introdução gradativa de novos alimentos, como suco de frutas (laranja-lima ou seleta, cenoura, tomate, entre outros) e papas de frutas (banana-maçã, maçã, pêra, abacate ou mamão). As sopas serão introduzidas após a criança acostumar com outros alimentos líquidos e sólidos - com a adoção da sopa, ela experimentará as comidas salgadas.
"A partir do sétimo mês as mães podem oferecer peixe moído, como cação, filé de pescada, e também cereais - arroz, macarrão, ervilha. Depois do 8º e 9º meses, já podem introduzir a carne, o frango desfiado e o fígado. Mas tem que ter cuidado para que a criança não engasgue", explica o pediatra.
A quantidade dos alimentos que serão adicionados na alimentação – não importa a fase – deve ter um critério bem avaliado. Também é importante que as mães estabeleçam uma rotina com alimentos saudáveis. Desta forma, poderão proporcionar bons nutrientes e disciplina aos seus filhos.
Outro aspecto importante na educação alimentar do filho é que esta é influenciada pelos hábitos alimentares dos próprios pais. Assim, para estimulá-lo a uma alimentação saudável, equilibrada e com rotina, o exemplo tem de partir dos pais. O reflexo deste bom hábito irá se refletir no desenvolvimento da criança, garantindo muito mais qualidade de vida e saúde em todas as fases seguintes de sua vida.
Outro lado
Se a falta de uma alimentação adequada é um problema – caso da desnutrição e, pior ainda, da mortalidade infantil -, os excessos também devem ser evitados.
Recentemente, uma pesquisa da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, identificou que bebês com sobrepeso podem ter atraso em seu desenvolvimento motor, como nas habilidades de rolar, engatinhar e sentar.
A avaliação foi feita com 215 bebês em diversos momentos até os 18 meses de idade. Na observação dos pesquisadores, 20% daqueles que estavam acima do peso tiveram esse atraso indicado em testes de 14 a 21 habilidades, e 23% dos bebês que estavam com níveis acima da média de gordura na barriga, no braço e na parte de cima das costas também apresentaram problemas no desenvolvimento motor.
"A pesquisa não é conclusiva, mas pode indicar caminhos. Sobretudo em relação à alimentação. A indicação é sempre evitar alimentos com muitas calorias e que tenham pouca quantidade de nutrientes - refrigerantes, doces em geral, por exemplo", avalia Sylvio Monteiro de Barros.
O pediatra indica ainda que a boa alimentação deve incluir verduras, legumes, hortaliças e frutas, pois estes alimentos são riquíssimos em nutrientes, necessários para o bom desenvolvimento em todas as fases de qualquer criança. "Claro que um boa qualidade de vida e uma alimentação saudável são primordiais para os bebês, assim como em toda a infância. Isto irá refletir em diversos aspectos da vida do seu filho, de agora até o futuro", completa.