Os investigadores, do Canadá e do México, testaram o método em uma zona urbana e remota da Guatemala e concluíram ter destruído sete vezes mais ovos do que com as armadilhas comuns nas mesmas zonas.
O sistema inclui uma armadilha chamada ovillanta, criada a partir de duas partes de 50 centímetros de um antigo pneu, colocadas de forma a simular uma boca, dentro da qual é colocado um fluido leitoso e não tóxico, desenvolvido pela Universidade Laurentia, no Canadá, que atrai os mosquitos.
O líquido está uma tira de papel ou madeira onde a fêmea do mosquito põe os ovos. Esta tira é removida duas vezes por semana, para monitoramento, e os ovos são destruídos pelo fogo ou com etanol.
A concentração de feromona aumenta com o tempo, tornando a armadilha cada vez mais atrativa para os mosquitos, escrevem os investigadores.
Os cientistas concluíram que a ovillanta é mais eficaz para atrair o mosquito Aedes aegypti do que as armadilhas habituais, construídas com baldes de um litro.
Durante o estudo, que durou dez meses, a equipe recolheu e destruiu mais de 18.100 ovos de Aedes aegypti por mês, usando 84 ovillanta, em sete bairros da localidade de Sayaxche, que tem 15.000 habitantes, quase sete vezes mais do que os 2.700 ovos recolhidos mensalmente com 84 armadilhas comuns na mesma zona.
Os cientistas observaram que não foram registados novos casos de dengue na zona abrangida pelo estudo, uma comunidade que normalmente teria duas ou três dezenas de casos naquele período, um dado que consideraram interessante, mas episódico.
O autor do estudo, Gerardo Ulibarri da Universidade Laurentian, disse que destruir ovos de inseto com a ovillanta custa um terço do que custa fazê-lo em depósitos de água natural e apenas 20% do que custa o uso de pesticidas, que, além de matarem os insetos, prejudicam os morcegos, as libélulas e outros predadores naturais dos mosquitos.
Os cientistas explicaram ter decidido usar pneus porque estes representam 29% dos locais escolhidos pelos mosquitos Aedes aegypti para reprodução e também porque os pneus usados são um instrumento universal e barato em ambientes de poucos recursos.
O sistema inclui um programa de formação a distância para aumentar a capacidade de controle de mosquitos pelos profissionais de saúde.
Os mosquitos Aedes aegypti - que transmitem o Zika, a dengue, a chikungunya e a febre-amarela - são extremamente difíceis de controlar com outras estratégias, segundo a Organização Mundial de Saúde.
Um surto de Zika afeta atualmente a América do Sul, e o Brasil, o país mais afetado, registou mais de um milhão e meio de casos.
O vírus é transmitido aos seres humanos pela picada do mosquito Aedes aegypti, que existe em 130 países, e na maioria dos casos provoca apenas sintomas gripais benignos, ou não provoca sintomas de todo.
No entanto, o vírus tem sido associado a casos de microcefalia, doença em que os bebés nascem com o crânio anormalmente pequeno e déficit intelectual, e a casos de Síndrome Guillain-Barré, uma doença neurológica grave.