A maioria das pessoas aproveita a estação mais quente do ano nas praias e piscinas coletivas. A combinação sol, areia de praia, poças de água, umidade e excesso de suor favorece a condição ideal para o aparecimento de uma das doenças típicas do verão: as micoses.
As micoses são infecções provocadas por fungos que atingem a pele, as unhas, cabelos e áreas mais úmidas do corpo. Quando encontram condições favoráveis ao crescimento, esses fungos se reproduzem e causam a doença. Ela atinge desde crianças a adultos e idosos que se contaminam na maioria das vezes de forma indireta por meio do contato com o fungo.
Os pés, a virilha, as dobras e as unhas são os lugares mais comuns em que aparecem as micoses. Isso se deve sobretudo aos hábitos das pessoas de não secarem bem as dobras, usarem roupas molhadas por muito tempo, compartilharem objetos pessoais e de pisarem descalças nas mesmas poças de água parada, pisos de banheiros e vestiários coletivos onde tem o fungo.
A dermatologista Bethania Cavalli, do Iamspe (Instituto de Assistência Médica do Servidor Público Estadual), afirma que o fungo está em qualquer lugar, mas há ambientes mais propícios para pegar micoses, como as piscinas. Segundo ela, é comum as pessoas pisarem descalças na área do chuveiro antes de entrar na piscina. "A água fica parada, a pessoa pisa descalça, o fungo está ali e pode contaminar", explicou.
Os sintomas das micoses variam de acordo com o fungo e incluem desde coceira, descamação da pele, manchas brancas e vermelhas, rachadura entre os dedos, unhas deformadas e amareladas até assaduras em dobras do corpo. O diagnóstico do tipo de micose é feito pelo médico geralmente pela aparência, sintomas descritos pelo paciente e por exame para identificar o tipo de fungo.
"O diagnóstico é muito simples, é feito através de uma avaliação dermatológica e exame de raspagem na pele ou unha para visualizar o tipo de fungo para dar o remédio mais adequado", disse Bethânia.
Os tratamentos envolvem o uso de medicamentos antifúngicos tópicos ou orais, que podem ser receitados separadamente ou simultaneamente. O tempo do tratamento varia de acordo com o tipo de fungo e a parte do corpo afetada, o que pode levar de meses até um ano. Segundo Bethânia, as micoses nas unhas exigem tratamento mais demorado porque o fungo só é eliminado totalmente depois que a unha afetada cresce. "As unhas da mão demoram em torno de seis meses para crescer e têm que esperar [para eliminar a micose]. O pé demora de nove meses a um ano o tratamento" afirmou.
Outro tipo de micose comum no verão é o pano branco caracterizada por manchas pequenas como confete com tonalidade que varia do branco ao castanho e que geralmente aparecem nas costas e tronco, mas que não é contagiosa. Segundo a dermatologista Maria Luisa Barros, do Hospital Santa Paula, o fungo é muito comum no verão, está presente na praia e é mais suscetível nas peles oleosas. Por isso, essas pessoas devem evitar cremes e protetores solares oleosos. "Normalmente, deve usar sabonete para deixar a pele mais seca, porque esse fungo adora gordura", disse.
Para evitar as micoses, os médicos recomendam adotar hábitos de secar muito bem o corpo após o banho, principalmente as dobras de pele, como axilas, virilhas e dedos dos pés. Outras medidas são não usar roupas molhadas durante muito tempo e andar descalço em pisos constantemente úmidos, como lava-pés, vestiários e saunas. Outra orientação é evitar roupas que fazem suar muito, fazer rodízio de sapatos e evitar modelos apertados que traumatizam as unhas.
PERIGOS DA AUTOMEDICAÇÃO
Uma pomada ou creme e medicamentos que foram bons para outras pessoas no tratamento das micoses nunca podem ser utilizados pelo paciente sem orientação médica. Ao se automedicar, ele pode fazer mal à pele, mascarar características da micose dificultando o diagnóstico e colocando a saúde em risco.
A dermatologista Maria Luisa alerta que uma pomada aparentemente inocente pode ter em sua composição substâncias, como corticoides que podem fazer mal à pele quando usadas durante longos períodos. Segundo a médica, o corticoide faz sumir a lesão, mas depois ela reaparece porque ele tira a inflamação, mas não vai matar o fungo que tem um ciclo de vida mais lento. "O uso crônico do corticoide é tóxico para a pele, afina, cria vasos e estraga a pele", enfatizou.
Outro risco para a saúde é tomar o remédio oral para micose sem orientação médica. Segundo a dermatologista Bethania, para receitar antifúngicos orais o médico precisa pedir exames para avaliar o fígado do paciente porque o remédio é metabolizado no órgão e pode causar alterações. "Uma nova doença que está no mundo é a gordura no fígado. Muitas pessoas têm, não sabem e pode levar a cirrose", alertou.
Transmissão:
A transmissão de uma pessoa a outra é indireta por meio do contato com o fungo que pode estar no chão, na água ou em objetos, como sapatos ou toalhas
Sinais e sintomas de micose:
Coceira e descamação da pele
Manchas brancas e vermelhas com superfície escamosa e bordas bem nítidas que coçam
Vermelhidão
Rachadura entre dos dedos
Unhas deformadas e amareladas
Assadura em dobras do corpo
Diagnóstico:
O médico faz o diagnóstico da micose geralmente pela sua aparência e os sintomas descritos pelo paciente. Também é feito exame de raspagem da unha ou pele para identificar o tipo de fungo para receitar o melhor medicamento
Tipos de micoses:
Tinha:
Caracterizada por manchas vermelhas de superfície escamosa, bordas bem nítidas e que coçam
Pode se manifestar em áreas de dobra do corpo, como axilas, virilhas e entre os dedos das mãos e pés
Nas crianças, é comum aparecer no couro cabeludo, formando uma placa com crostas, coceira intensa
Onicomicose:
Deixa as unhas das mãos e pés mais grossas, deformadas, descoladas da pele e provoca alteração da coloração
Geralmente surgem manchas pequenas e claras que vão se espalhando e deixando as unhas doloridas e espessas
É mais resistente ao tratamento.
Impinge:
Pode se desenvolver em qualquer região do corpo e ser confundida com alergia e outras doenças, como psoríase e alergias
Tem formato de círculo que vai crescendo e pode causar feridas avermelhadas com leve descamação
Pitiríase versicolor (pano branco):
Seu aparecimento está relacionado ao calor, umidade, pele oleosa, sudorese abundantemente e baixa resistência imunológica
Ela se caracteriza por manchas pequenas como confete com tonalidade que varia do branco ao castanho e que geralmente aparecem nas costas e tronco
É mais comum em adolescentes e jovens, mas as pessoas com pele oleosa estão mais suscetíveis a apresentar este tipo de micose
Tratamento:
Envolve o uso de medicamentos antifúngicos tópicos ou orais, mas dependendo do caso são usados os dois ao mesmo tempo
O tempo de tratamento varia de acordo com o tipo de fungo e pode levar de meses até um ano
As micoses nas unhas exigem tratamento mais demorado porque dependem do crescimento da unha afetada
Automedicação:
Nunca utilize medicamentos sem orientação médica nem mesmo pomada ou creme que foram bons para outras pessoas
Os remédios orais são metabolizados no fígado e podem causar alterações, por isso não podem ser tomados sem orientação médica
Fuja das receitas caseiras milagrosas porque, além de não ter comprovação científica, podem colocar a saúde em risco
Como evitar:
Após o banho, seque muito bem o corpo, principalmente as dobras de pele, como axilas, virilhas e dedos dos pés
Evite ficar com roupas molhadas por muito tempo
Evite o contato prolongado com água e sabão. Quem lida muito com água e produtos de limpeza deve usar luvas
Não use objetos pessoais dos outros, como roupas, calçados, pentes, toalhas e bonés
Não ande descalço em pisos constantemente úmidos, como lava-pés, vestiários e saunas
Use somente o próprio material de manicure, mas se for utilizar do salão de beleza verifique se foi esterilizado
Evite usar calçados fechados e que traumatizam as unhas
Evite roupas quentes e justas que podem machucar a barreira da pele e provocar umidade
Prefira sempre tecidos leves como o algodão porque os sintéticos fazem suar mais