A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro e o Ministério da Saúde vão investigar a morte de três pessoas que receberam órgãos de uma mesma doadora na cidade do Rio. Elas foram vítimas de uma bactéria resistente a antibióticos. Os procedimentos, feitos por meio do Programa Estadual de Transplantes (PET), ocorreram em três hospitais diferentes no início de junho deste ano, depois que o fígado e dois rins foram retirados de uma doadora que morreu no Hospital Souza Aguiar, no centro da cidade.
Os transplantados morreram dias depois das cirurgias vítimas da bactéria Klebsiella pneumoniae. Como os três pacientes morreram vítimas da mesma superbactéria, a suspeita recai sobre a doadora.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, que opera o PET, os exames feitos na doadora antes e no dia da captação dos órgãos não detectaram a presença de qualquer bactéria. Por isso, considerou-se que o fígado e os rins estavam aptos para o transplante.
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Apesar disso, uma avaliação do cirurgião que fez a retirada do órgão apontou a existência de pus na paciente, o que poderia indicar a existência de alguma infecção. A Secretaria de Saúde diz que, logo após descrever a existência do pus, o médico escreve um ponto de interrogação no laudo, o que mostra que ele poderia não ter certeza se havia ou não infecção.
Além disso, segundo a secretaria, o responsável pela retirada dos órgãos foi o próprio cirurgião encarregado de transplantar o fígado em um paciente do Hospital Adventista Silvestre. Por isso, ele sabia exatamente em que estado se encontrava o órgão no momento do transplante.
Já as equipes dos hospitais Federal de Bonsucesso e Universitário Clementino Fraga Filho, que receberam os rins, também tiveram acesso, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, a todos os documentos referentes aos órgãos da doadora, inclusive o laudo do médico captador que descrevia a possibilidade da existência de pus.
A assessoria de imprensa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, negou que tenha recebido o laudo descrevendo o pus. O Ministério da Saúde informou, por meio da assessoria de impresa, que o Hospital Federal de Bonsucessoo também não recebeu o laudo.
Já o Hospital Adventista Silvestre informou, por meio de nota, que os exames encaminhados junto com o fígado para o hospital atestavam que o órgão estava em "perfeitas condições, gerando excelentes perspectivas para a cirurgia e para o paciente indicado para recebê-lo". A nota informa ainda que foram seguidos todos os protocolos previstos em padrões internacionais.
A Secretaria Estadual de Saúde está investigando o caso. Segundo o Ministério da Saúde, uma equipe do Sistema Nacional de Transplantes e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária foi enviada ao Rio de Janeiro e deve se reunir com representantes da Secretaria fluminense ainda na tarde de hoje (8).