A meningite é uma doença silenciosa, grave e que pode levar à morte em até 48 horas a partir dos primeiros sintomas, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Embora esteja muito relacionada às crianças, que são vacinadas ainda nos primeiros meses de vida, os adolescentes também precisam da imunização, pois estão entre os principais transmissores da enfermidade. O alerta é reforçado nesta quarta (24 de abril), Dia Mundial de Combate à Meningite.
Causada por vírus, bactérias, fungos ou outros agentes infecciosos, a meningite mais comum no Brasil é a bacteriana (mais grave) do tipo C, provocada pelo meningococo. "Trata-se de uma bactéria agressiva, que circula na nasofaringe, parte de trás do nariz, principalmente em adolescentes", explica a médica ocupacional Sheila Homsani, diretora médica da Sanofi Pasteur. As mortes por meningite ocorrem em 20% dos casos.
Em crianças, o tipo B é mais prevalente, e a especialista alerta para o aumento de casos provocados pelo sorogrupo W. Sheila diz que os adolescentes são portadores assintomáticos do meningococo, ou seja, podem estar infectados, mas sem manifestar sintomas. O adoecimento depende do sistema imunológico da pessoa "Mas mesmo que não adoeça, quando (o adolescente) fala perto de alguém, beija, troca copos, pode transmitir a bactéria pela saliva ou respiração", afirma a médica. A vacinação contra meningite na adolescência protege tanto os integrantes dessa faixa etária quanto os mais novos e os mais velhos.
Tipos de meningite
As meningites variam de acordo com o agente infeccioso. Pode ser por bactérias, vírus, fungos, protozoários ou parasitas. A meningite bacteriana é transmitida de uma pessoa para outra por via respiratória, gotículas ou secreções do nariz e da garganta. Algumas bactérias podem se espalhar por meio dos alimentos, como é o caso da Listeria monocytogenes e da Escherichia coli.
Já as meningites virais podem ser transmitidas de diferentes maneiras, dependendo do vírus causador da doença. No caso do enterovírus, a contaminação é fecal-oral e se dá pelo contato próximo com uma pessoa infectada (aperto de mãos, por exemplo), tocar objetos que contenham o vírus e depois passar a mão nos olhos ou na boca antes de lavá-la. Quando se trata do arbovírus, a transmissão é feita pela picada de mosquitos contaminados.
A meningite fúngica não é transmitida de pessoa para pessoa. Os agentes infecciosos são adquiridos por meio da inalação de pequenos pedaços de fungos que entram nos pulmões e podem chegar às meninges, membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. Outros fungos estão no solo, em ambientes contaminados com excrementos de pássaros e morcegos ou em ambiente hospitalar.
Os parasitas que causam meningite também não são transmitidos de uma pessoa para outra e, normalmente, infectam animais, não pessoas. Estas são infectadas pela ingestão de produtos ou alimentos contaminados que tenham a forma ou a fase infecciosa do parasita.
Sintomas
A meningite meningocócica tem características bem específicas, segundo Sheila. Dor de cabeça, enjoo, mal-estar e corpo enfraquecido podem ser sinais. A dificuldade em detectar a doença precocemente é que ela apresenta sintomas virais, como de um resfriado. Já o quadro clínico mais típico caracteriza-se por febre alta, manchas arroxeadas no corpo, rigidez na nuca (pessoa não consegue encostar o queixo no peito) e dor de cabeça muito forte.
Os adultos devem ficar mais atentos com as crianças. As que ainda não falam ou não conseguem expressar bem o que sentem dão alguns sinais. "Elas ficam letárgicas, como se estivessem com muita sonolência, põem mão na cabeça, vomitam, choram, ficam irritadas", diz Sheila. "Mas nem todo mundo tem esses sintomas iguais", alerta.
No caso da meningite bacteriana, o agente infeccioso pode se disseminar pelo corpo, afetando não apenas as meninges. A infecção generalizada pode deixar sequelas neurológicas e, eventualmente, levar à perda de membros.
Vacina
No Brasil, o sistema público de saúde disponibiliza gratuitamente a vacina contra o sorogrupo C da meningite. As doses devem ser tomadas aos três e aos cinco meses de vida, com um ano de idade e depois entre 11 e 16 anos, segundo Sheila.