A violência brasileira gerou um gasto de R$ 5,14 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS) em 2013 – em valores atualizados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até dezembro de 2015 –, de acordo com estudo inédito produzido, a pedido do Banco Mundial, pelo vice-presidente do Conselho de Administração do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o sociólogo Renato Sérgio de Lima. O resultado é a representação monetária dos custos à saúde pública gerados pelos episódios de homicídios, tentativas de latrocínios, lesões corporais e acidentes de trânsito, entre outros.
"Em apenas 10 anos, de 2004 a 2013, os gastos do setor de saúde com essas causas externas, não relacionadas a doenças ou ao envelhecimento da população, cresceram mais de 130%, saindo de R$ 2,2 bilhões para os atuais R$ 5,4 bilhões", comenta Lima. Para realizar a comparação, o pesquisador deflacionou os valores com base no IPCA dos anos até dezembro de 2015.
Ainda de acordo com o relatório, quase um quarto (24,29%) desse valor se concentra no Estado de São Paulo. No total, o Estado gastou R$ 1,25 bilhão com saúde por conta de problemas na segurança pública. O montante é mais que duas vezes superior ao de Minas Gerais, o segundo estado que mais arcou com gastos desse tipo: R$ 0,59 bilhão. "Os números indicam uma clara necessidade de se buscar ganhos de eficiência e melhorias na gestão da segurança pública no País", afirma Lima. "O que fica claro aqui, mais do que o volume de recursos que poderia ser aplicado em outras áreas ou mesmo para tratar pessoas doentes, é que as ineficiências no setor de segurança geram um custo tangível em número de vidas", completa.
O vice presidente do FBSP aponta, ainda, que o custo social dos problemas de segurança pública é muito superior ao registrado no sistema de saúde. "Na realidade, o custo em perda de capital humano, em perda de vidas, foi de R$ 128,76 bilhões em 2013", destaca. "E apesar de não haver ainda uma base para calcular esses resultados para 2014 e 2015, nada indica que houve uma redução nesses números. Na verdade, eles tendem a subir", lamenta o executivo.