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Tomografia na infância triplica risco de câncer cerebral

08 jun 2012 às 14:38

Crianças que se submetem a muitos exames de tomografia computadorizada têm um risco três vezes maior de desenvolver câncer no cérebro ou leucemia, aponta um estudo feito pela Universidade de Newscastle, na Grã-Bretanha.

Os pesquisadores analisaram mais de 180 mil fichas médicas do Serviço de Saúde Britânico (NHS, na sigla em inglês) de pacientes com menos de 21 anos que fizeram o exame entre 1985 e 2002.


Como os casos de câncer causados por exposição à radição levam mais tempo para se manifestarem, o estudo analisou dados de incidência da doença até 2009.


O grupo ressalta que apesar dos resultados encontrados, de forma geral os benefícios do exame se sobrepõem aos riscos e que na avaliação final é necessário limitar ao máximo o número de repetições.


No artigo publicado no renomado periódico científico The Lancet, os britânicos recomendam ao setor que se pesquisem formas de diminuir a quantidade de radiação à qual os pacientes ficam expostos quando submetidos a tomografias.


Alan Craft, um dos autores do estudo, diz que os riscos fazem parte do processo. "É importante que os pais tenham a certeza de que se um médico na Grã-Bretanha sugerir que uma criança precisa de uma tomografia computadorizada, os riscos de radiação e câncer terão de ser levados em consideração".


Mesmo assim, "há um risco muito maior em não fazer uma tomografia quando for solicitada", pondera.


Durante as tomografias, um tubo de raio-x gira em torno do corpo do paciente para produzir imagens detalhadas dos órgãos internos e outras partes do corpo.


O procedimento é sugerido após acidentes graves, para investigar lesões internas, em casos de doenças pulmonares e muitas outras situações.


Tumores raros


Um dos dados apurados pela pesquisa aponta que a exposição à radiação causou um novo caso de leucemia e um outro caso de câncer no cérebro a cada 10 mil tomografias computadorizadas realizadas na região da cabeça em crianças com menos de dez anos de idade.


Mark Pearce, epidemiologista da Universidade de Newcastle que liderou o estudo, avaliou os resultados.


"Nós encontramos aumentos significativos no risco de leucemia e tumores cerebrais em pessoas que fizeram tomografias computadorizadas na infância e adolescência".


Ele acrescenta que as doses de radiação impostas pelo exame foram reduzidas ao longo dos últimos anos mas deixa claro que os fabricantes dos aparelhos e a comunidade médica internacional devem ter como prioridade reduzi-las ainda mais.


Hilary Cass, presidente do Conselho Real de Pediatria e Saúde Infantil, diz que as duas variedades de câncer ainda são consideradas raras.

"Nós temos que levar muito a sério a ligação entre repetidas tomografias computadorizadas e o aumento do risco destes tipos de câncer entre crianças e jovens, mas com os dois tumores ainda sendo raros, o risco absoluto permanece baixo".


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