O clássico teste de farmácia pode dizer se a mulher está grávida, mas um novo exame de urina pretende permitir que os pais saibam se estão esperando gêmeos ou se podem sofrer um aborto. Três quartos dos abortos espontâneos ocorrem nos primeiros três meses, e muitas mulheres não compartilham suas notícias até depois desse período. Mas um teste desenvolvido pela MAP Diagnostics em Hertfordshire, Reino Unido, quer mudar isso.
"Queremos informar os pais sobre seu sucesso potencial de ter uma criança saudável", diz o fundador da empresa, Stephen Butler, à "New Scientist".
A novidade foi inspirada na fertilização in vitro. Tradicionalmente, os embriões saudáveis são escolhidos para a implantação em mulheres e uma célula de cada embrião é removida e usada em um teste genético para rastrear números de cromossomos anormais ou mutações genéticas ligadas aos resultados ruins da gravidez. Esses embriões secretam proteínas que aparecem no meio da cultura da fertilização in vitro ou na urina das mães.
Para fazer suas previsões, a equipe usa um algoritmo que analisa amostras de urina de 121 mulheres que estavam entre 6 e 10 semanas de gravidez. Ao identificar as diferenças nos perfis de proteínas das amostras, o algoritmo determina padrões ligados ao aborto. Estas descobertas foram apresentadas na reunião anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia em Lisboa, Portugal, em junho deste ano.
Outros algoritmos podem prever gêmeos ou anomalias cromossômicas no feto. Mas antes que o teste seja oferecido amplamente, a equipe quer afinar os algoritmos. Eles estão planejando analisar cerca de 10 mil amostras para melhorar a detecção de anormalidades cromossômicas que causam a síndrome de Down, por exemplo, antes de desenvolver um kit de teste caseiro.
Um teste para o risco de aborto seria útil, mas apenas se fosse extremamente preciso, afirmou Zev Williams, estudioso da Escola de Medicina Albert Einstein da Universidade de Yeshiva, em Nova York. As causas de muitos abortos são um mistério e nem sempre podem ser evitadas. Ainda assim, Dominguez pensa que testes preditivos baseados em urina são uma promessa importante: "Este é o futuro."
(com informações do site O Globo)