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Saúde descarta surto de leishmaniose no sudoeste do Paraná

13 jun 2015 às 09:55

A Secretaria de Estado da Saúde descartou a suspeita de surto de Leishmaniose Tegumentar Americana no acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio localizado em Rio Bonito do Iguaçu, região sudoeste do Paraná.

A Secretaria de Estado da Saúde descartou a suspeita de surto de Leishmaniose Tegumentar Americana no acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio localizado em Rio Bonito do Iguaçu, região sudoeste do Paraná. Rio Bonito do Iguaçu, 10/06/2015.
Foto: Reprodução / Venilton Küchler/SESA


Equipes da área de vigilância da Secretaria de Estado da Saúde, Prefeitura de Rio Bonito do Iguaçu e profissionais da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estiveram nesta semana (9 a 11) no acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com o objetivo de instalar armadilhas para captura do mosquito-palha, transmissor da doença, e para avaliar as feridas que atingem a maior parte dos acampados.


Dividida em grupos, as equipes de profissionais de saúde percorreram a área para avaliar as condições sanitárias e de saúde dos acampados. A equipe estadual de Vigilância Entomológica instalou armadilhas em pontos estratégicos do acampamento, que tem cerca de 30 mil hectares.


Outra equipe avaliou os pacientes com suspeita da doença. "Todas as pessoas que apresentavam lesões de pele, características ou não da picada do mosquito, passaram por exames clínicos e foram posteriormente medicadas", comentou o médico da Secretaria estadual da Saúde, Alceu Bisetto Júnior.


No entanto, nenhuma das lesões avaliadas apresentava características clínicas da leishmaniose, mas sim como infecções primárias e secundárias causadas pelas condições precárias de higiene e que também deverão ser tratadas de forma emergencial, segundo Bisetto.


A chefe da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores da Secretaria estadual da Saúde, Themis Leão Buchmann, lembra que as ações tomadas durante a visita têm como objetivo reduzir os problemas causados por vetores existentes na área. "Todas as medidas tomadas pelas equipes de vigilância em saúde visam conter um possível surto da doença na região, mas como pudemos constatar não há com o que se preocupar neste sentido. No entanto, outras medidas em saúde pública devem ser tomadas para que sejam melhoradas as condições de higiene e saúde dos acampados", diz a chefe da Divisão.


Ao todo foram atendidas 40 pessoas, sendo que a maioria eram crianças com lesões, principalmente na região dos pés e mãos. "Verificamos que as lesões, principalmente em crianças, foram provocadas por mosquitos borrachudo e pólvora", comentou a professora doutora em Parasitologia da UFPR, Vanete Soccol. As pessoas foram diagnosticadas e posteriormente encaminhadas para tratamento médico realizado no local.


Além das armadilhas para mosquitos, as equipes também instalaram fitas para a coleta de larvas de mosquitos nos rios que cortam a localidade. "Com isso poderemos determinar exatamente o tipo de inseto causador das lesões, além de verificar a população desses na área", comenta o pesquisador da UFPR, André Gonçalves.


A vice-prefeita de Rio Bonito do Iguaçu e secretária da Saúde do município, Sônia Schimitt, afirmou que o acompanhamento das pessoas afetadas deve continuar para evitar agravamento da situação. "O apoio do estado neste momento é de fundamental importância para a confirmação da situação enfrentada pelas pessoas acampadas no município", afirmou.


O acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio, o maior do mundo segundo os organizadores do movimento, conta com quatro mil e quinhentas pessoas acampadas e está situado entre os municípios de Rio Bonito do Iguaçu e Quedas do Iguaçu, em uma área de aproximadamente 30 mil hectares. As primeiras famílias se instalaram na área em junho de 2014 na fazenda Rio das Cobras.


A DOENÇA – A leishmaniose tegumentar americana, ou "ferida brava", é uma doença infecciosa, no entanto, não é contagiosa. É causada por um parasita do gênero Leishmania, que vive e se multiplica no interior das células do sistema de defesa dos indivíduos.


A leishmaniose é transmitida por insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos ou "mosquito palha". Estes insetos possuem de dois a três milímetros de comprimento e, devido ao seu tamanho, são capazes de atravessar as malhas dos mosquiteiros e telas.


Após duas a três semanas da picada aparecem pequenas elevações avermelhadas na pele que com o passar do tempo têm um aumento de tamanho até formar uma ferida recoberta por uma crosta ou secreção purulenta. Caso a doença não seja diagnosticada e tratada, pode evoluir para feridas nas mucosas do nariz, da boca e da garganta.

O nome do mosquito varia de acordo com a região de sua localidade e os nomes mais comuns são: mosquito-palha, tatuquira, birigui, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. O mosquito-palha ou asa branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde existem muitas plantas.


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