A Secretaria de Estado da Saúde confirmou, na última sexta-feira (16), quatro casos de botulismo alimentar no Paraná, ocasionados pelo consumo de um tipo de salsichão na forma crua. Os casos foram registrados nos meses de janeiro e fevereiro deste ano e confirmados pelo Instituto Adolfo Lutz, laboratório de referência de São Paulo, no dia 14 de março. Três casos foram registrados no município de Alto Piquiri e um caso em Iporã, ambas cidades do Noroeste do estado. Duas pessoas morreram, uma permanece internada em estado grave e uma já teve alta.
De acordo com a investigação feita pela vigilância epidemiológica, evidências mostram que os quatro pacientes consumiram o salsichão Piquiri em náilon de maneira crua, o que é hábito na região. "Chegamos a suspeitar de outros produtos de origem animal, mas descartamos porque não conseguirmos relacionar o produto a todos os pacientes que apresentaram os sintomas de botulismo. A investigação foi concluída com o exame laboratorial do paciente e do produto consumido por ele", disse a coordenadora do Centro de Investigação e Respostas Rápidas de Vigilância em Saúde, Angela Maron de Mello.
O botulismo alimentar é uma doença grave de início súbito e difícil diagnóstico. Ela causa paralisia dos músculos, podendo ocasionar a morte. Poucas doenças fazem um quadro clínico parecido. "Os dois pacientes que estão vivos receberam o soro antibotulínico em tempo. Um terceiro paciente chegou a receber o soro, mas como tinha outras doenças não sobreviveu", explicou o superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz.
INTERDIÇÃO – Ainda durante a investigação, a Vigilância Sanitária Estadual determinou a interdição cautelar de todos os lotes do Salsichão Piquiri em náilon, fabricado pela Indústria e Comércio de Carnes e Frios Richter Ltda., de Alto Piquiri, por suspeita de contaminação dos produtos por toxina botulínica. Somente, a 12ª Regional de Saúde recolheu 934 quilos do produto para que sejam inutilizados. A empresa também foi orientada a parar a produção até que possa devolver ao comércio o produto seguro para consumo.
A partir da confirmação dos casos, que são raros, a Secretaria da Saúde propôs a criação de um grupo de trabalho para redirecionar as ações de fiscalização de produtos de origem animal. "As empresas terão que instituir boas práticas e os órgãos competentes irão monitorar o teor dos aditivos e dos conservantes dos produtos e também orientar a população dos riscos desses produtos. Os casos de botulismo confirmados hoje mostraram que ainda existe fragilidade nesta área", disse o chefe da Vigilância Sanitária, Paulo Costa Santana.
Ele também orienta os consumidores para que não comprem produtos sem o selo de inspeção. "Além disso, o produto deve estar conservado adequadamente e sempre que possível deve-se assar, cozinhar ou fritar o produto antes de consumi-lo", ressaltou Santana.
O coordenador do Centro de Apoio às Promotorias de Defesa do Consumidor do Ministério Público, Ciro Scheraiber, enfatizou que o MP vai fazer um trabalho preventivo para garantir que os produtos comercializados sejam seguros. "Vamos trabalhar junto com a Secretaria da Saúde e outros órgãos para orientar as empresas quanto às boas práticas", disse.
O Ministério da Saúde encaminhou uma carta ao Centro de Investigação e Respostas Rápidas de Vigilância em Saúde parabenizando a equipe do Paraná pela condução e conclusão do caso.